Foi a 20 de janeiro que tudo mudou: na reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia liderado pelos Estados Unidos da América (também conhecido como Grupo Ramstein), os habituais grandes aliados de Kiev - EUA e o Reino Unido - concluíram que um impasse na guerra (ou um conflito de desgaste) apenas favoreceria a Rússia. Essa é, aliás, uma teoria que foi endossada por Keir Giles, especialista em questões de segurança que afetam a Rússia e as Forças Armadas da Federação Russa e diretor de investigação do Centro de Estudos de Conflitos. “Infelizmente, o desenvolvimento futuro mais provável para a guerra é que os aliados ocidentais da Ucrânia continuem a fornecer muito pouca ajuda e não a tempo e, portanto, embora possam continuar a impedir a Ucrânia de perder catastroficamente, também estarão a impedir a Ucrânia de vencer de forma convincente.” É um acontecimento que pode condenar a Ucrânia a ser arrastada, “exausta”, para um impasse, o que levará a novos apelos a um cessar-fogo. "Para a Ucrânia equivale a uma rendição.” Na sua posição atual, controlando o território ucraniano, “a Rússia está a ganhar”. Por outras palavras: “Se o conflito hoje está congelado, a Rússia conseguiu”.
Mas a Ucrânia já tinha deixado claras as suas intenções: iniciar uma grande contraofensiva na primavera, de preferência já no início de abril, quando as condições meteorológicas favorecerem as operações. Era essa, aliás, a única forma de o Estado ucraniano conseguir atingir o objetivo que Volodymyr Zelensky reivindica desde 24 de fevereiro de 2022: recuperar todo o território. A falta de avanços ucranianos no terreno, ao longo dos últimos meses, vinha sendo acompanhada de uma apatia no fluxo de armamento enviado a Kiev. A reviravolta, no entanto, deu-se durante a oitava reunião dos ministros da Defesa dos EUA e da Europa. Os aliados chegaram, enfim, a acordo para equipar a Ucrânia com mais do que o equivalente a uma divisão de equipamentos militares até ao final de março, compreendendo que nada mudaria se não alterassem também a sua abordagem. Em cerca de dois meses, o envio de armas para a Ucrânia foi acelerado. Os grandes líderes militares ucranianos foram convocados para uma viagem à Alemanha, onde realizaram simulações de mesa com as chefias militares norte-americanas, e exploraram diferentes opções para uma ofensiva.
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