NATO quer Estados-membros a produzir mais armamento para a Ucrânia: "Uma guerra de desgaste é uma guerra de logística"
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO
Europa Press News
O recurso contínuo a munições é sinónimo de necessidade de aumento de produção. Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO disse que há países da Aliança a apostarem no aumento da capacidade das fábricas e a fazerem investimentos na área, mas reitera que o esforço precisa de ser intensificado. Sobre uma eventual adesão da Ucrânia, a mensagem é de que “se tornará membro”. Mas o objetivo agora é outro: garantir que vence a guerra
O secretário-geral da NATO destacou esta quarta-feira a necessidade de investir na capacidade de produção de munições. “As coisas estão a acontecer, mas precisam de continuar e intensificar-se ainda mais, porque há uma grande necessidade de fornecer munições à Ucrânia. Esta está a tornar-se uma guerra de desgaste, e uma guerra de desgaste é uma guerra de logística, pelo que isto é crucial para a nossa capacidade de assegurar que a Ucrânia ganha”, disse Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa.
Um dos temas centrais do qual falou no seguimento da reunião do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia foi a necessidade imediata de aumento da produção, que Stoltenberg diz já estar em curso. “É possível aumentá-la a partir das capacidades das fábricas existentes, mas também são necessários investimentos que vão demorar mais algum tempo. Ambas as coisas estão a acontecer agora: utilizar mais as capacidades existentes e investir em nova capacidade de produção”, afirmou.
O secretário-geral da NATO disse que os Estados Unidos, França, Alemanha, Noruega e outros membros da Aliança assinaram contratos com a indústria da defesa. Entre as munições com aumento de produção estão ogivas de artilharia.
Em 2014, poucos meses após a anexação da Crimeia pela Rússia, os líderes da NATO comprometeram-se a investir 2% dos respetivos Produtos Internos Brutos (PIB) em Defesa. Na reunião desta quarta-feira deu-se a discussão inicial sobre qual deve ser a nova meta de investimento na defesa.
“O meu pensamento é que devemos deixar de olhar para estes 2% do PIB como um teto máximo, mas antes como um mínimo, e ter um compromisso maior”, disse, frisando que face às necessidades de munição, defesa aérea, treino, preparação e capacidades de alto nível “é óbvio que um investimento de 2% é mínimo”.
Adesões à NATO
Questionado sobre o processo de adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, Stoltenberg remeteu a decisão final sobre se a sua entrada para a aliança será simultânea para a Turquia. A adesão dos dois países requer aprovação unânime dos Estados-membros da organização. “A Hungria e a Turquia não ratificaram a adesão e por isso cabe à Turquia decidir se ratificam ambos – eu recomendei isso – ou se ratificam um dos documentos. Essa não é uma decisão da NATO, é uma decisão da Turquia”, disse.
Ao mesmo tempo, não excluiu a possibilidade de um dos países aderir primeiro à NATO. “Tenho insistido na adesão sueca e finlandesa, estou absolutamente confiante de que ambos se tornarão membros, mas ao mesmo tempo a sequência não é o mais importante”, observou Stoltenberg.
O processo de ratificação pela Turquia quanto à adesão da Suécia entrou em modo de “pausa”. A quebra de relações bilaterais piorou depois de um grupo de militantes de extrema-direita ter queimado uma cópia do Corão.
Uma eventual adesão ucraniana à Aliança também mereceu menção: “Sobre a Ucrânia, a posição da NATO não mudou. Reiterámos muitas vezes que a Ucrânia se tornará membro da Aliança, mas o foco agora é garantir que a Ucrânia vença a guerra”.
Quase um ano após o início da guerra, as perspetivas são de continuidade do conflito. “Não vemos nenhum sinal de que a Rússia se esteja a preparar para a paz, pelo contrário. A Rússia está a lançar novas ofensivas”, lamentou o secretário-geral da NATO.