O documento de identificação de Leonid Nevzlin tem ainda o rasto de um passado que não consegue apagar. A origem russa mistura-se com a cidadania israelita que decidiu adotar. Formalmente, é um cidadão russo, um oligarca que há quase 20 anos rumou a Israel para não mais voltar a Moscovo. O início da guerra, a 24 de fevereiro, catapultou a oposição a Putin para um nível ainda mais desconfortável e potenciou uma nova missão de vida: ajudar Kiev a bater Moscovo. Exilado em Israel desde 2003, Leonid Nevzlin fala ao Expresso da campanha de perseguição “politicamente motivada” de que foi alvo por parte das autoridades russas.
Juntamente com Mikhail B. Khodorkovsky, que foi preso, acusado de fraude, de peculato e lavagem de dinheiro, Nevzlin era proprietário da Yukos, empresa petrolífera a que o Kremlin queria colocar as mãos. Em 2014, o Tribunal de Haia decidiu por unanimidade que as autoridades russas haviam conduzido uma "campanha implacável para destruir a Yukos, apropriar-se dos seus ativos e afastar o senhor [Mikhail] Khodorkovsky como oponente político". O leilão forçado de partes essenciais da empresa, através de um processo de falência altamente controverso, não tinha sido “motivado pela devida cobrança de impostos, mas pelo desejo do Estado de adquirir o ativo mais valioso da Yukos”. Em suma, tinha sido, segundo o tribunal penal internacional permanente, uma “expropriação tortuosa e calculada”. Quase 20 anos depois, Leonid Nevzlin explica, nesta entrevista com o Expresso, por que razão compreende os passos (e os crimes) do Kremlin, tomando-o à imagem e semelhança de uma rede da máfia, e diagnostica os problemas estruturais da Rússia. O oligarca russo que pretende não o ser também esclarece os motivos que o levam a desejar que Moscovo termine a guerra completamente dependente do Ocidente.
Artigo Exclusivo para assinantes
Assine já por apenas 1,63€ por semana.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes