Guerra na Ucrânia

Kherson não foi russa “para sempre”, mas aqueles 42 dias deixaram tristeza e trauma

19 novembro 2022 19:58

André Luís Alves em Kherson

Civis e soldados ucranianos celebram a libertação de Kherson no centro da cidade

metin aktas/anadolu/getty images

A cidade libertada após a retirada russa respira de alívio. As tropas ucranianas são recebidas com festa, porém a guerra ainda não terminou

19 novembro 2022 19:58

André Luís Alves em Kherson

Na Praça Svobody, no centro de Kherson, ao lado de uma melancia, está um cartaz com um poema de Taras Schevchenko: “E na terra renovada não haverá inimigos nem rivais, haverá filhos e mães, haverá o povo da terra!” Kherson era a única capital regional ucraniana ainda ocupada pelo exército russo. Depois da retirada forçada, em que se evitou um cerco técnico, foi libertada pelas tropas ucranianas, recebida em êxtase pela população, na sexta-feira.

Kherson foi ocupada logo no início da guerra e resistiu como pôde. Durante as primeiras três semanas os habitantes manifestaram-se na Praça Svobody contra o invasor, enfrentando tanques e soldados em atos de bravura. Todos vimos vídeos de protestos com centenas envergando bandeiras ucranianas. A situação depressa se agravou: se inicialmente os ocupantes se admiraram por não serem bem recebidos, três semanas depois assaltaram a praça com disparos e explosões contra a população, que dispersou em pânico. São eles que enchem esta praça mais de oito meses depois.