Guerra na Ucrânia

Rússia anexa esta sexta-feira quatro regiões ocupadas da Ucrânia

Já há data para a integração na Rússia das quatro regiões da Ucrânia que realizaram referendos: esta sexta-feira. Às vozes que condenam os referendos e não reconhecem os resultados junta-se a da ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, que descreveu o procedimento como “o oposto de eleições livres e justas”

O Kremlin anunciou esta quinta-feira que as quatro regiões da Ucrânia onde foram realizados referendos sobre a adesão à Rússia serão incorporadas na Rússia esta sexta-feira.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, adiantou ainda que o Presidente russo, Vladimir Putin, participará numa cerimónia em que as regiões se tornarão oficialmente russas.

Peskov disse aos jornalistas que os líderes das quatro regiões - onde os referendos terminaram na terça-feira - assinarão durante a cerimónia, no Kremlin, os tratados para se juntarem à Rússia .

A anexação oficial já era esperada após a votação nas áreas sob ocupação russa na Ucrânia, cujos habitantes, alegou Moscovo, apoiavam esmagadoramente a anexação formal destes territórios por Moscovo.

Os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais condenaram veementemente os referendos, classificando-os como uma farsa e prometendo nunca reconhecer os seus resultados.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse na quarta-feira que os referendos de anexação organizados por Moscovo nas regiões ucranianas foram ilegais e os resultados manipulados.

"Trata-se de uma nova violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia, no contexto de violações sistemáticas dos direitos humanos", disse Borrell através de uma mensagem difundida pela rede social Twitter. "Nós saudamos a coragem dos ucranianos que continuam a opor-se e a resistir à invasão russa", acrescentou o chefe da diplomacia do bloco europeu.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, juntou-se esta quinta-feira às outras autoridades ocidentais para denunciar os referendos.

“Sob ameaças e, por vezes, até sob a mira de armas, as pessoas estavam a ser retiradas das suas casas ou locais de trabalho para votarem em urnas transparentes”, disse Annalena Baerbock, numa conferência em Berlim.

“Isso é o oposto de eleições livres e justas (…). Isso é o oposto da paz. É a paz ditada. Enquanto este ditame russo prevalecer nos territórios ocupados da Ucrânia, nenhum cidadão está seguro. Nenhum cidadão é livre”, afirmou a ministra alemã.

As administrações instaladas por Moscovo nas quatro regiões do sul e do leste da Ucrânia alegaram na noite de terça-feira que 93 por cento dos votos na região de Zaporíjia apoiaram a anexação, assim como 87% na região de Kherson, 98% na região de Lugansk e 99% em Donetsk.

A Ucrânia também classificou os referendos como ilegítimos, dizendo que tem todo o direito de retomar os territórios.

Em 2014, a Rússia já tinha usado o resultado de um referendo realizado sob ocupação militar para legitimar a anexação da península ucraniana da Crimeia, no Mar Negro.


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