Recuos e hesitações, mudanças de planos e histórias mal contadas: estes têm sido os pontos chave das declarações de intenções russas de referendar a anexação de terras ucranianas. Mas a que se devem essas indecisões e o que tem a Rússia a perder, se, como tem feito Vladimir Putin, pode, em teoria, converter qualquer derrota numa vitória internamente aclamada?
Nos meses que se seguiram à invasão da Ucrânia, o Kremlin decidiu: em maio, Moscovo avançaria para referendos nas regiões ocupadas. Mais tarde, com a Rússia a afundar-se na guerra, os planos foram adiados para setembro. Está agora marcada para 4 de novembro, quando a Rússia celebra o Dia da Unidade Nacional, a iniciativa a cargo das autoridades de ocupação na região de Kherson. É, aliás, uma data que já tinha sido alavancada por Andrey Turchak, líder do partido Rússia Unida, no poder na Federação Russa: "Esta é uma data histórica e que nos une a todos. [...] Realizar os referendos neste dia seria correto e simbólico."
Ainda no início desta semana, autoridades russas em Kherson alegaram "questões de segurança", relacionados com os ataques das forças ucranianas, para colocar em “pausa” o projeto de incorporação de território da Ucrânia. O líder russo em Kherson, Kirill Stremousov, explicou à agência de notícias estatal russa que os ataques à ponte Antonivskiy na cidade de Kherson impediram a travessia do rio Dnieper, que liga os dois lados da região.
As autoridades russas vêem-se, mais uma vez, obrigadas a conter a ambição. Planeiam agora a realização de referendos nos territórios ocupados em duas etapas: primeiro, nas regiões de Kherson e Zaporíjia; depois, nas autoproclamadas "repúblicas populares" de Donetsk e Luhansk.
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