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Guerra na Ucrânia

Desbloqueio de portos ucranianos não resolve subida de preços e escassez: transportes e petrolíferas ganham muito, clientes ganham pouco

O primeiro carregamento, a bordo do Razoni, depois da assinatura do acordo
O primeiro carregamento, a bordo do Razoni, depois da assinatura do acordo
Anadolu Agency

A notícia do desbloqueio dos portos do mar Negro foi recebida com uma dose de ceticismo, mas também esperança. Mas quais são os efeitos esperados na economia mundial? Os peritos e académicos ouvidos pelo Expresso analisam as variáveis e os riscos, e estão de acordo: há uma janela de oportunidade a ser aproveitada para escoar alimentos da Ucrânia, mas os preços e os números da fome não deverão decrescer significativamente e as vantagens das petrolíferas, dos portos e das seguradoras devem aumentar

Assim que foi anunciado o levantamento ao bloqueio dos portos ucranianos, há cerca de dez dias, o preço do trigo começou a cair a pique, de 500 dólares (490,50 euros) para 289 dólares (283,50 euros) por tonelada, e o preço do óleo de girassol caiu de 2500 dólares (2452 euros) para 1500 dólares (1471 euros). A mesma tendência foi registada para o milho, o malte e os fertilizantes químicos. De acordo com os especialistas em fornecimento de alimentos agrícolas, a iniciativa que envolve Moscovo, Ancara, Kiev e as Nações Unidas poderá ajudar a controlar a grande elevação dos preços dos alimentos, mas o otimismo deve ser refreado. Nader Noureldeen, professor da Faculdade de Agricultura da Universidade do Cairo e conselheiro permanente do Ministério do Abastecimento Alimentar do Egipto, revela ao Expresso que espera que o aumento de preços seja contido por dois meses.

Anna Nagurney, economista ucraniana e norte-americana, especialista na área de Gestão de Operações, acredita que o reinício dos embarques de produtos agrícolas da Ucrânia, se forem em volume significativo, reduzirão os preços de mercado até níveis pré-pandemia. "Os preços do trigo caíram para o nível pré-invasão, e os preços do milho também, mas um pouco mais tarde. No entanto, nota-se que os preços ainda são cerca de 50% mais altos do que eram há dois anos e meio [antes da pandemia de covid-19."

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