Depois do cenário bárbaro descoberto em Bucha, o projeto “Eyes On Russia”, do Centre for Information Resilience, começou a investigar outros potenciais locais de “sepultamento em massa” em áreas fortemente atacadas pelas tropas russas. Uma delas foi Chernihiv: na floresta de Yalivshchyna encontraram centenas de valas comuns.
“Uma estimativa do número de vítimas enterradas em Yalivshchyna, com base no número de lápides visíveis em imagens do terreno publicadas nas redes sociais, situa-se entre 323-381. O número real é provavelmente significativamente mais elevado”, avança o projeto que mapeia, documenta e verifica o conflito na Ucrânia, com o objetivo de informar sobre a guerra.
Durante semanas, a cidade de Chernihiv, no norte da Ucrânia, sofreu fortes bombardeamentos pelas forças russas que se aproximavam da fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia. E à medida que as tropas invasoras se retiram da área, durante este mês, surgem mais provas sobre “o custo civil da invasão”.
A investigação revela ainda que as valas comuns na floresta de Yalivshchyna foram criadas entre 26 de fevereiro e todo o mês de março. O número de mortos em Chernihiv — que ultrapassa já os 300 — ainda está a ser apurado, mas há autoridades ucranianas que falam em 700 vítimas.
De acordo com a investigação, existem três locais de sepultamento “claros e distintos” na floresta de Yalivshchyna, onde os próprios civis tiveram de cavar trincheiras para enterrarem os corpos. Um vídeo muito divulgado no Twitter a partir do dia 6 de março mostra residentes a pousarem dezenas de caixões em trincheiras, na floresta.
Agora que as forças russas se começam a retirar da cidade, é provável que o rasto de destruição aumente. Ainda assim, os primeiros indícios já mostram que “foi exercida violência considerável na área de Chernihiv”, conclui a investigação.
Chernihiv foi uma primeiras cidades a ser atacadas pela Rússia, com os combates a durarem quatro semanas. Há relatos que as tropas russas destruíram cerca de 70% desta cidade do norte da Ucrânia, junto à fronteira com a Bielorrússia.
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