Alemanha muda de posição sobre o sistema SWIFT. Acesso da Rússia ao sistema de comunicação poderá ser bloqueado
Foto: Pavlo Gonchar/Getty Images
O Governo alemão está disposto a limitar o acesso da Rússia ao SWIFT, o principal sistema de partilha de informações que os bancos utilizam para fazer transações entre países
Depois de se ter oposto firmemente à medida, o Governo alemão parece estar disposto a juntar-se aos países que defendem que a Rússia deixe de ter acesso ao SWIFT, o principal sistema de partilha de informação que os bancos utilizam para fazer transferências entre países e outro tipo de transações bancárias.
Este sábado, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, afirmou que o Governo está a trabalhar em “restrições específicas e funcionais” que visam este sistema de comunicação. Anteriormente, o chanceler alemão, Olaf Scholz, tinha descartado a hipótese de incluir este sistema no pacote de sanções preparadas pela União Europeia para atingir a Rússia.
Países como a França, Itália, Grécia, Chipre e Hungria apoiam a medida, conforme fizeram saber os respetivos Governo ao longo das últimas horas. Bloquear o acesso da Rússia ao SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Communications) traria consequências significativas para os bancos da Rússia, obrigando-os a fazer transações entre si ou a encontrar sistemas de comunicação alternativos, o que implicará custos adicionais e atrasos nas operações financeiras.
Com a exclusão da Rússia deste sistema, operações como troca de moeda, operações em divisas estrangeiras, transações para fora da linhas das fronteiras e transferências internacionais ficam limitadas, uma vez que é a partir do SWIFT que se concretizam as comunicações entre bancos que suportam a maioria das transações internacionais, conforme escreveu o Expresso recentemente.
O Governo britânico foi dos primeiros a defender a implementação da medida, mas não conseguiu convencer de imediato os seus parceiros. Na quinta-feira, o ministro dos Negócios ucraniano, Dmytro Kuleba, apelou à União Europeia e aos EUA para avançarem com a medida. Se não o fizerem, “ficarão com as mãos manchadas de sangue”, afirmou.
Call with my French counterpart @JY_LeDrian. France supports banning Russia from SWIFT. I urged to immediately introduce the third package of EU sanctions to stop Russian invasion. France is also ready to supply weapons and military equipment to help Ukraine defend itself.
Depois de alguma resistência, vários países mostraram-se dispostos a apoiar a decisão, incluindo a Hungria. Durante uma visita à fronteira com a Ucrânia, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, afirmou que “apoia todas as sanções”. “Não vamos bloquear nada. Apoiaremos tudo as medidas que forem tomadas pelos primeiros-ministros da União Europeia. É tempo de estarmos unidos. Estamos em guerra.”
Também o Chipre se mostrou disposto a apoiar este bloqueio da Rússia ao SWIFT. Segundo o ministro das Finanças do país, Constantinos Petrides, o Chipre “não se opõe às sanções da União Europeia, incluindo as que visam o SWIFT (…), em nome da solidariedade e unidade para com o povo ucraniano”. “Todos as hipóteses estão em cima da mesa”. Havia algum interesse sobre a posição que o Chipre assumiria nesta questão, devido à sua ligação comercial próxima com a Rússia e a Ucrânia.