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Itália

O gastronacionalismo de Giorgia Meloni terá peso político, mas pouca sustentação alimentar

 famoso prato romano de esparguete carbonara foi inventado por soldados Aliados que libertavam Itália do nazi-fascismo
famoso prato romano de esparguete carbonara foi inventado por soldados Aliados que libertavam Itália do nazi-fascismo
Natasha Breen/REDA/Universal Images Group/Getty Images

A direita radical governante aposta na “soberania alimentar”, mas os especialistas dizem que essa expressão é vazia. Muito do que é vendido como tipicamente italiano provém de outras paragens

Rossend Domènech

correspondente em Roma

Quando a direita radical venceu as legislativas italianas, em 2022, o novo Governo acrescentou ao nome do Ministério da Agricultura a expressão “e da Soberania Alimentar”. O programa da primeira-ministra Giorgia Meloni defendia a necessidade de “ambicionar à plena soberania alimentar, que já não pode ser adiada”. O Executivo iria, pois, introduzir a “soberania alimentar” na Constituição e pedir a admissão da “cozinha italiana” como património imaterial da Humanidade.

A soberania alimentar de Itália, ou de qualquer outro país, seja Portugal, Espanha ou França, é coisa que não existe, explicam peritos como o historiador italiano Alberto Grandi. E isso deve-se, simplesmente, a que os alimentos (e, ainda mais, a gastronomia) provêm de todos os países, resultam de uma contaminação, fusion em inglês. “A comida italiana, como todas, é resultado de povos”, afirma Antonio Fino, professor da Faculdade de Ciências Gastronómicas de Pollenzo (fundada pelo movimento Slowfood), no Norte de Itália.

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