Quando a direita radical venceu as legislativas italianas, em 2022, o novo Governo acrescentou ao nome do Ministério da Agricultura a expressão “e da Soberania Alimentar”. O programa da primeira-ministra Giorgia Meloni defendia a necessidade de “ambicionar à plena soberania alimentar, que já não pode ser adiada”. O Executivo iria, pois, introduzir a “soberania alimentar” na Constituição e pedir a admissão da “cozinha italiana” como património imaterial da Humanidade.
A soberania alimentar de Itália, ou de qualquer outro país, seja Portugal, Espanha ou França, é coisa que não existe, explicam peritos como o historiador italiano Alberto Grandi. E isso deve-se, simplesmente, a que os alimentos (e, ainda mais, a gastronomia) provêm de todos os países, resultam de uma contaminação, fusion em inglês. “A comida italiana, como todas, é resultado de povos”, afirma Antonio Fino, professor da Faculdade de Ciências Gastronómicas de Pollenzo (fundada pelo movimento Slowfood), no Norte de Itália.
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