Itália

Um morto e seis desaparecidos após naufrágio de um iate ao largo da Sicília

Um barco dos bombeiros italianos auxilia nas buscas pelos seis desparecidos, que têm nacionalidades britânica, norte-americana e canadiana, de acordo com as autoridades costeiras italianas
Um barco dos bombeiros italianos auxilia nas buscas pelos seis desparecidos, que têm nacionalidades britânica, norte-americana e canadiana, de acordo com as autoridades costeiras italianas
Getty Images

Um dos desparecidos é um empresário britânico da tecnologia, Mike Lynch. Foram resgatadas com vida 15 pessoas dos 22 passageiros a bordo. Uma tempestade inesperada é indicada como o principal motivo do acidente

Um morto e seis desaparecidos após naufrágio de um iate ao largo da Sicília

Eunice Parreira

Jornalista

Uma pessoa morreu e seis estão desaparecidas após um veleiro britânico se ter afundado ao largo da costa de Palermo, na ilha Sicília. Uma tempestade violenta e inesperada causou o acidente esta segunda-feira de madrugada, anunciaram as autoridades costeiras italianas, citadas pela agência noticiosa Reuters.

O veleiro de luxo transportava 22 pessoas, das quais dez eram membros da tripulação. Segundo a agência italiana ANSA, a maioria dos passageiros tinham nacionalidade britânica, mas também viajava um cidadão da Nova Zelândia, um do Sri Lanka, um irlandês e dois com dupla nacionalidade francesa e britânica.

As autoridades conseguiram resgatar 15 pessoas, entre as quais uma criança britânica de um ano. Oito dos sobreviventes foram transportados para o hospital e encontram-se estáveis, avançam meios de comunicação locais.

Charlotte, a mãe da criança de um ano, relatou a Domenico Cipolla, chefe das urgências do hospital pediátrico de Giovanni di Cristina, em Parlemo, citado pelo jornal ‘The Telegraph’, que “enquanto dormiam, a certa altura o iate virou devido ao tornado e eles deram por si na água”.

“Durante dois segundos perdi a bebé no mar, depois voltei a segurá-la imediatamente na fúria das ondas. Segurei-a com força, bem agarrada a mim, enquanto o mar estava tempestuoso. Muitos estavam a gritar. Felizmente, o barco salva-vidas encheu-se e 11 de nós conseguiram entrar nele”, diz a passageira, citada pela emissora pública italiana RAI.

Atualmente estão a decorrer buscas pelos seis turistas desparecidos envolvendo helicópteros, embarcações da guarda costeira, bombeiros e proteção civil. A autoridade costeira italiana indicou que possuíam nacionalidades britânicas, norte-americana e canadiana.

É apenas conhecida a identidade de Mike Lynch, empresário britânico cofundador da Autonomy Corporation e fundador da Invoke Capital, confirmou à Reuters uma fonte familiarizada com a operação de resgate. Apelidado de “Bill Gates do Reino Unido”, Mike Lynch esteve, recentemente, indiciado por fraude devido à venda da sua empresa Autonomy Corporation à Hewlett-Packard (HP) em 2011, mas foi absolvido de todas as acusações por um júri nos Estados Unidos.

Vários meios de comunicação locais, entre os quais a RAI, avançam que a vítima mortal do naufrágio era o chefe de cozinha do iate nascido no Canadá e residente em Antígua. Era o único membro da tripulação desaparecido.

Tempestades e chuvas intensas nos últimos dias

O veleiro batizado de ‘Bayesian’ de 56 metros de comprimento afundou-se ao largo de Porticello, onde aparentemente estava ancorado, a leste de Palermo. A tempestade, que incluiu um fenómeno conhecido como trombas de água, um género de tornado sobre a água, virou a embarcação por volta das cinco da manhã locais, avança a agência Associated Press.

“O vento estava muito forte. Esperava-se mau tempo, mas não desta magnitude”, indicou um oficial da guarda costeira de Palermo à Reuters. A Itália tem sido assolada nos últimos dias por tempestades e chuvas intensas, o que tem causado inundações e deslizamentos de terra no norte do país. Em Santa Flavia, onde o barco se afundou, a tempestade provocou queda de árvores, telhados arrancados e postes de iluminação danificados.

O capitão de um navio, que também estava atracado, Karsten Borner contou à Reuters que ligou o motor do seu barco para manter o controlo e evitar colidir com o ‘Bayesian’. “Conseguimos manter o navio em posição e depois de a tempestade ter passado, notámos que o navio atrás de nós tinha desaparecido”, explicou.

Várias testemunhas relatam que o mastro do barco, com 75 metros (um dos mais altos do mundo) quebrou durante a tempestade, o que provocou um desequilíbrio na embarcação e consequente naufrágio. Um pescador, Giovanni Lo Coco, conta à RAI que viu o iate chegar ao porto no domingo à noite e atracou a cerca de 300 metros da marinha. “Por volta das 4h30 da manhã [o barco] tinha desaparecido”, conta.

Os destroços do veleiro, encontrados a cerca de 50 metros de profundidade, estão a ser inspecionados por vários mergulhadores. A procuradoria de Termini, uma cidade vizinha, já abriram uma investigação para apurar as causas do acidente.

O iate, produzido em 2008 por um construtor naval italiano Perini em 2008, foi restaurado em 2020. A embarcação tinha deixado o porto siciliano de Milazzo a 14 de agosto e a sua última localização foi a leste de Palermo no domingo à noite, onde estava “ancorado”, segundo a aplicação de localização de navios Vesselfinder.

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