Primeira-ministra italiana queixa-se por carta à presidente da Comissão Europeia

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, escreveu à Presidente da Comissão Europeia para se queixar da “deturpação” presente no Relatório Anual sobre o Estado de Direito na União Europeia no que diz respeito a Itália. Segundo a líder da direita radical, as recomendações sobre o Estado de Direito dirigidas a Itália foram “distorcidas” para “uso político de alguns” numa “tentativa de atacar o Governo italiano".

No documento entregue anualmente estão mencionadas algumas preocupações referentes ao Estado de Direito em Itália, nomeadamente, devido aos casos de intimidação de jornalistas por políticos, a falta de proteção do sigilo profissional e das fontes, assim como a interferência política nos media públicos, nomeadamente, o RAI Italia. Agora, Giorgia Meloni veio recusar estas acusações.

A carta afirma que alguns artigos dos meios de comunicação social sobre as partes do relatório relativas a Itália eram "ataques desajeitados e especiosos que só podem ocorrer no contexto desolador do uso recorrente de notícias falsas que poluem cada vez mais o debate na Europa". "É uma pena que nem o relatório da Comissão sobre o Estado de direito e, em particular, sobre a liberdade de informação no serviço público de radiodifusão tenha sido separado pelos profissionais da desinformação e da mistificação", escreveu Meloni na carta conhecida este domingo, dia 28.

A chefe de Governo italiana rejeitou também as acusações de interferência política no RAI: “Os atuais membros do conselho de administração da RAI foram nomeados na última legislatura por uma maioria, da qual a [coligação] Irmãos de Itália (FdI) não fazia parte, pelo que é difícil perceber como é que este Governo pode ser acusado de alegada interferência política de gestão na RAI.”

As preocupações apontadas pelo relatório acontecem pouco tempo depois dos jornalistas da RAI terem entrado em greve geral contra as tentativas de controlo do Governo sobre o conteúdo editorial da empresa.