Espanha

“Assassinos”: reis de Espanha, Pedro Sánchez e Carlos Mázon recebidos com insultos e lama arremessada pela população afetada pelas cheias

O rei Felipe VI enfentrou o descontentamento da população de Paiporta, em Valência
O rei Felipe VI enfentrou o descontentamento da população de Paiporta, em Valência
Biel Alino/Lusa

No dia em que Felipe VI e Letizia visitaram a região de Valência, a comitiva em que seguiam os reis de Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez e Carlos Mázon, presidente do governo regional, foi recebida com insultos e arremesso de lama por parte da população. O balanço da catástrofe natural aponta, por enquanto, para 214 mortos. Centenas de pessoas continuam desaparecidas

O monarca espanhol, Felipe VI, e a rainha Letizia, vestida de negro, chegaram, na manhã deste domingo, a Valência para acompanhar as operações de apoio às vítimas das cheias que afetaram a região. A visita oficial acabou por se transformar numa batalha campal e os populares colocaram o rei em xeque.

A população de Paiporta recebeu a comitiva onde seguiam a família real, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, e Carlos Mázon, presidente da Generalitat Valenciana (governo regional), com insultos e protestos. Só ao quinto dia após as catastróficas inundações é que os reis se deslocaram a Valência, onde este domingo se sentiu a crispação de quem tudo perdeu e apenas ficou com o sentimento de abandono.

“Assassinos”, “fora” e “filhos da p…” foram algumas das palavras que a multidão gritou na cara de Felipe VI, que chegou a ser atingido com lama na cara. Ouviram-se ainda coros de “Onde estás, Pedro Sánchez?”, numa referência ao primeiro-ministro de Espanha, que inicialmente acompanhou os reis mas entretanto foi retirado do local, após as primeiras investidas da população.

A rainha também não passou incólume à indignação da população afetada. “A ti e às tuas filhas não vos falta água, não vos falta nada”, ouviu Letizia, em silêncio, de uma mulher em desespero.


Após o arremesso de lama, a rainha foi igualmente retirada do local dos protestos, onde se manteve Felipe VI, numa tentativa de dialogar com os protestantes, escreve o “El País”. As autoridades procuraram, porém, proteger o monarca através de um cordão de segurança.

Antes deste confronto com a população, Felipe e Letizia tiveram a oportunidade de visitar o posto de comando em Paiporta, onde ficaram a par das operações de resgate e recuperação.

Os reis espanhóis juntaram-se a Pedro Sánchez e a Carlos Mazón, presidente da Generalitat Valenciana (governo regional).

Os monarcas expressaram condolências às famílias dos mortos e desaparecidos, escreve o “El Mundo”. A família real espanhola cancelou, entretanto, quase todos os compromissos agendados para a próxima semana.

Já ontem (sábado, dia 2 de novembro) a Casa Real tinha partilhado uma mensagem na rede social X (antigo Twitter) a manifestar “gratidão pelas mensagens de condolências, consolação, apoio e solidariedade ao povo espanhol pelas consequências devastadoras da DANA”.

Marcelo Rebelo de Sousa também expressou, numa conversa por telefone com Felipe VI, solidariedade com o povo espanhol e enalteceu a “resposta notável” da população.

De acordo com o mais recente balanço das autoridades, há já 214 mortos confirmados. Centenas de pessoas continuam desaparecidas.

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