Sánchez a levar Espanha para a via do federalismo - e isso está a gerar tensão até no PSOE

“O pacto da Catalunha é um passo inquestionável para a federalização do Estado autonómico”, reconheceu o primeiro-ministro Pedro Sánchez (Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE, centro-esquerda), no final de julho, ao fazer o balanço do turbulento período político que terminou nesse dia, antes das férias de verão. Referia-se ao acordo alcançado entre os socialistas catalães e a Esquerra Republicana de Catalunya (ERC, partido de esquerda pró-soberania) para permitir que Salvador Illa, antigo ministro da Saúde de Sánchez, se tornasse presidente do governo autonómico desta região espanhola, após 14 anos de controlo do poder por grupos separatistas nesta parte de Espanha.

Em troca do apoio da ERC à investidura de Illa como presidente da Generalitat, o governo central fez importantes concessões, como a entrega do sistema tributário. Com a gestão e o controlo total de 100% dos impostos gerados no seu território, a Catalunha passa a ser a terceira comunidade autónoma a ter um acordo especial com o Estado, para além do País Basco e de Navarra. O acordo colocou os grupos conservadores da oposição em pé de guerra, acusando Sánchez de alienar a igualdade entre os espanhóis e de privilegiar aqueles que o ajudam a manter-se no poder.