Espanha

Catalunha vai a votos a 12 de maio, depois de chumbo do orçamento regional

O presidente do governo autonómico catalão anunciou, na sede do executivo, que a região vai a votos no dia 12 de maio
O presidente do governo autonómico catalão anunciou, na sede do executivo, que a região vai a votos no dia 12 de maio
David Zorrakino/Europa Press/Getty Images

Faltou um voto ao Governo do independentista Pere Aragonès para aprovar as contas. Esquerda radical não acompanhou socialistas no apoio ao executivo autonómico

Catalunha vai a votos a 12 de maio, depois de chumbo do orçamento regional

Pedro Cordeiro

Editor da Secção Internacional

Dizer que em democracia por um voto se ganha e por um voto se perde é lugar-comum, mas tem aplicação prática. Que o diga Pere Aragonès, presidente do governo regional da Catalunha, que viu o parlamento autonómico rejeitar esta quarta-feira, por 68 contra 67 votos, a sua proposta de orçamento para 2024. Em rigor, foram aprovadas quatro “emendas à totalidade”, apresentadas por forças da oposição, o que equivale a um chumbo.

Em vez de tentar nova proposta, o governante, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), à frente de uma administração minoritária, prefere dar a voz ao povo. A ida às urnas será a 12 de maio. Normalmente a legislatura terminaria em fevereiro de 2025.

Aragonès contou apenas com o apoio do Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC), ramo regional do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda, do primeiro-ministro Sánchez), e de uma deputada independente outrora membro do Juntos pela Catalunha (JxC), partido de direita de Carles Puigdemont que rivaliza com a ERC no campo nacionalista catalão.

A ERC e o PSC têm 33 deputados cada. Precisavam de mais dois apoios, só conseguiram um. A formação Em Comum Podemos (ECP, esquerda radical), frequentemente próxima daquelas duas, recusou-se a apoiar o orçamento por se opor ao plano para construir um grande casino em Tarragona. A ERC criticou a bancada do ECP, que há dois anos aprovou a compra de terrenos para esse megaprojeto.

Atraso (in)conveniente

Ainda houve polémica quando a presidente do Parlamento catalão, Anna Erra (JxC), adiou a votação da manhã para a tarde. Ora, a diferença é que nessa altura estava ausente um deputado do Vox (extrema-direita), pelo que o orçamento teria passado. Assim, votaram contra JxC, Vox, ECP, Candidatura de Unidade Popular (extrema-esquerda independentista), Cidadãos (centro-direita liberal), Partido Popular (centro-direita) e um independente ex-Vox.

As movimentações políticas catalãs podem ter eco nacional, já que o Executivo de Sánchez, assente numa coligação do PSOE com a frente de esquerda radical Somar, depende do apoio parlamentar de nacionalistas catalães, bascos, galegos e regionalistas vários. Está em debate também o orçamento de Estado espanhol.

“Assumo a responsabilidade por este bloqueio”, afirmou Aragonès. “As linhas vermelhas e os vetos cruzados não foram contra o Governo, mas contra os cidados da Catalunha, contra os seus interesses e os serviços públicos.”

Acusando de “irresponsabilidade” os partidos que chumbaram o orçamento, o presidente catalão decide antecipar as eleições. Espra que assim “a Catalunha possa ter um Governo com muito mais força”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pcordeiro@expresso.impresa.pt

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