A legislatura recém-nascida em Espanha (a ferros) acaba de tornar-se mais difícil para Pedro Sánchez. O partido Podemos, (Ps, esquerda populista radical), que no anterior Executivo estava coligado com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda), abandonou com estrondo o grupo Somar, conglomerado de partidos à esquerda do PSOE e seu novo parceiro de Executivo. É mais um obstáculo para o horizonte dos próximos quatro anos, em que Sánchez se apoia numa maioria parlamentar muito à justa, num clima de enorme crispação política e promessa da direita de acossar permanentemente o trabalho governamental.
Sánchez estava obrigado — ao abrigo dos compromissos parlamentares que assumiu para garantir apoios que lhe permitissem ficar no cargo que ocupa desde 2018 — a negociar cada passo político com os independentistas catalães — Esquerda Republicana (ERC) e Juntos pela Catalunha (JxC) —, nacionalistas e regionalistas de distintas orientações — Partido Nacionalista Basco (PNV), Bloco Nacionalista Galego (BNG) e Coligação Canária (CC) — e os separatistas herdeiros políticos do grupo terrorista ETA: Euskal Herria Bildu (o País Basco). Agora passa a ter de dialogar com o Ps, que tem, como o PNV, cinco assentos no Congresso dos Deputados. Solto das amarras ao Somar, que aceitou relutantemente, exigirá esforços suplementares ao chefe do Governo.
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