Espanha

Tumultos em várias cidades de Espanha: acordo entre PSOE e Juntos pela Catalunha motiva protestos contra amnistia

Madrid
Madrid
PIERRE-PHILIPPE MARCOU

Durante a noite houve novas concentrações em Madrid e Barcelona, mas também em outras cidades, como Valência e Granada. Em frente à sede socialista na capital espanhola, as forças de segurança fizeram várias detenções

Em Madrid, na rua Ferraz, onde fica a sede nacional do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), foi a sétima noite consecutiva de manifestações contra a amnistia aos envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha, com milhares de pessoas a gritar contra o acordo firmado entre o PSOE (centro-esquerda) e os independentistas do Juntos pela Catalunha (JxC). De acordo com o jornal “El Mundo”, nos arredores da sede socialista reuniram-se cerca de oito mil pessoas.

A consolidação, em Bruxelas, onde está exilado o antigo presidente independentista catalão Carles Puigdemont, do acordo que formalizou na quinta-feira a reeleição do presidente do Governo em exercício, o socialista Pedro Sánchez, levou os manifestantes a regressarem às ruas também noutras cidades de Espanha. Os protestos decorrem desde o fim de semana passado, quando uma manifestação terminou com o lançamento de foguetes e o arremesso de garrafas contra a polícia.

Na noite desta quinta para sexta-feira, vários grupos extremistas tentaram causar distúrbios durante os protestos, com os manifestantes a vaiar e a expulsar quem tentasse juntar-se aos contestatários e usasse capuz, tivesse o rosto coberto ou apresentasse símbolos de extrema-direita. Alguns apoiantes neonazis perseguiram jornalistas durante a noite, atirando-lhes objetos e proferindo insultos. A polícia fez 24 detenções. Alguns agentes à paisana também afastaram manifestantes desordeiros, para evitar que a violência se instalasse. Sete agentes da polícia ficaram feridos, sem gravidade.

Além da sede nacional dos socialistas, também houve protestos junto a edifícios do PSOE em diversas províncias. Na capital tratou-se da sétima manifestação seguida, que começou em frente à delegação do Parlamento Europeu, no Paseo de la Castellana, onde se reuniram cerca de 1500 pessoas antes de partirem para a rua Ferraz. A concentração obrigou a cortes de circulação em vários pontos, detalha o jornal “El País”. Participantes da juventude do partido de extrema-direita Vox, conhecido como Revuelta, mostraram cartazes com frases contra “a traição”. Também das janelas pessoas gritavam “viva Espanha”, e ”Catalunha é Espanha". Puigdemont e Sánchez foram alvos de insultos, e a bandeira espanhola foi apresentada com um enorme buraco e sem o escudo constitucional.

Foi a maior concentração desta semana (oito mil pessoas só em Madrid), depois de quarta-feira se terem concentrado cerca de sete mil. Só em Granada, três mil pessoas estiveram a manifestar-se. O líder do Vox, Santiago Abascal, juntou-se à manifestação de Madrid contra a amnistia. À chegada, foi aplaudido pelos participantes, que gritaram “presidente”. Abascal não quis, no entanto, dar uso ao megafone que um manifestante lhe ofereceu para falar com as pessoas que participavam ao protesto. “Venho como apenas mais um espanhol, diante do maior ataque à unidade de Espanha de todo o período democrático”, disse.

Ignacio Garriga, deputado do Vox no parlamento catalão, juntou-se à manifestação em Barcelona, ​​onde foi recebido com vivas e aplausos. Os manifestantes dirigiram-se à sede da Subdelegação do Governo, na Gran Vía de Colón.

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