Carles Puigdemont, o antigo presidente da Catalunha que proclamou a independência de forma unilateral em 2017, conseguiu a façanha de ter nas suas mãos a governabilidade de Espanha, seis anos depois de ter provocado um incêndio político que ainda não foi totalmente extinto. Quase como paradoxo do destino, os votos dos sete deputados que foram conseguidos pelo Juntos pela Catalunha (Junts) serão decisivos para saber se o PSOE volta a governar em coligação com o Somar ou se Espanha entra num bloqueio político irrespirável.
Com o Partido Popular (centro-direita) impedido de constituir uma maioria alternativa com o apoio que recebe do Vox (extrema-direita), ninguém encontra outra saída após os renhidíssimos resultados das eleições deste domingo. “Comprovámos a capacidade de Pedro Sánchez para renascer das suas cinzas, mas agora veremos a sua inteligência para negociar num terreno muito difícil e evitar a repetição das eleições em outubro, que podem ser nefastas para a esquerda”, comenta ao Expresso o sociólogo Imanol Zubero, da Universidade do País Basco.
O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (centro-esquerda) parece ter garantido o apoio do Partido Nacionalista Basco (PNV), da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista) e do EH Bildu (esquerda radical independentista basca, historicamente ligada ao terrorismo da ETA). Além disso necessita da abstenção do partido de Puigdemont. Só assim superaria os 170 votos negativos que acumulará, sem dúvida alguma, do PP, do Vox e da União do Povo Navarro, e que porventura serão 171 caso se lhes some o da Coligação Canária. O Junts, herdeiro da Convergência e União que governou a Catalunha durante décadas sob o mandato de Jordi Pujol, estão dispostos a pressioná-lo.
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