Passadas as euforias ou as deceções iniciais, de ambas houve de sobra na noite eleitoral espanhola do 23-J, começa uma etapa muito difícil na história política deste país: a digestão de uns resultados que acrescentam incerteza a uma situação que fez da instabilidade a sua razão de ser. Hoje reúnem-se as cúpulas dos principais partidos nacionais com o propósito de analisar em detalhe o ditame das urnas nas eleições gerais que foram antecipadas pelo chefe do Governo, Pedro Sánchez, após uns muito maus resultados para a sua marca política, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda), nas eleições municipais e autonómicas celebradas em 28 de maio.
O panorama é endiabrado: os vencedores do Partido Popular (PP, centro-direita) não somam deputados suficientes para superarem a maioria absoluta exigida pela Constituição (176 deputados de um total de 350), nem sequer acrescentando os assentos do partido de ultradireita Vox, aspirante a uma coligação de Governo com o partido liderado por Alberto Núñez Feijóo. É uma amarga vitória, reconhecem no PP. Os resultados dos perdedores, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, centro-esquerda), que está atualmente no poder, na verdade servem para a reedição de um Governo de coligação do PSOE com o Somar – uma amálgama de 16 grupos heterogéneos, todos situados à esquerda do partido socialista – com apoios externos de grupos nacionalistas. Uma doce derrota, admitem na sede socialista.
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