Cerca de quatro milhões de eleitores têm a oportunidade de ir às urnas para definir a composição do próximo parlamento da Noruega, chamado Storting e formado por 169 membros. A votação arrancou no domingo e termina esta segunda-feira. É uma escolha entre dois rumos ideológicos com resultados que se antecipam aproximados.
“Parece haver duas tendências em conflito na política norueguesa. Uma é uma onda de direita, sobretudo entre os jovens, e [a outra] o apoio ao Governo em funções”, disse Johannes Bergh, diretor de investigação do programa de estudos de eleições nacionais norueguesas no Institute for Social Research, citado pelo jornal britânico “The Guardian”.
A agência Associated Press destaca o debate do país em torno do imposto sobre a riqueza, existente desde 1892, que os trabalhistas no poder pretendem manter, os conservadores querem reduzir e o Partido do Progresso (que também defende menos impostos e mais restrições à imigração) quer eliminar.
Esquerda no poder desde 2021
O líder do Partido Trabalhista, Jonas Gahr Stor, assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2021, fruto de uma coligação para a formação de um Governo minoritário com o Partido do Centro. Pouco depois de a aliança se ter desfeito por causa de divergências em relação a diretivas energéticas da União Europeia (a Noruega não integra a UE, mas é membro do Espaço Económico Europeu), os trabalhistas trouxeram o ex-secretário geral da NATO Jens Stoltenberg de volta à política norueguesa, com o cargo de ministro das Finanças.
Segundo a ‘Poll of Polls’ do jornal digital “Politico”, que agrega dados de várias sondagens, o Partido Trabalhista e o Partido do Progresso (o mais à direita no Parlamento norueguês) cruzaram-se nas intenções de voto em fevereiro. Foi um ponto de viragem, a partir do qual as sondagens passaram a apontar para a vitória dos trabalhistas, com margem curta, o que obrigaria a negociações com outros partidos para se manter no poder.
Para obter uma maioria legislativa, um partido (ou coligação) precisa de 85 dos 169 assentos parlamentares. Os trabalhistas enfrentam oposição de um bloco composto pelo Partido do Progresso, liderado por Sylvi Listhaug, e o Partido Conservador, da ex-primeira-ministra Erna Solberg (2013-21).
Desigualdade é a maior preocupação do povo
A lista de preocupações dos eleitores é encabeçada pela desigualdade, estando a economia, o trabalho e os impostos também entre as prioridades dos cidadãos, segundo inquérito da Respons Analyse para o jornal diário “Afternposten”, noticiou a agência Reuters. Note-se que os consumidores foram afetados pela inflação dos alimentos na ordem dos 5,9% e a de habitação e energia de 4,4% nos últimos 12 meses. As questões de defesa e segurança nacional aparecem apenas na sexta posição.
A nível do impacto da política externa em temas nacionais, a emissora britânica BBCaponta que as últimas semanas foram marcadas pela opção do fundo soberano da Noruega em acabar com investimentos em algumas empresas israelitas, devido a alegações de violações de direitos humanos. A gestão do fundojustificou a decisão com “um risco inaceitável de que as empresas contribuam para violações sérias dos direitos dos indivíduos em situações de guerra e conflito”.
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