Foi na madrugada de 1 setembro de 2022 que um lobo entrou na propriedade da família Von der Leyen, na aldeia alemã de Beinhorn, e vitimou um dos seus póneis, Dolly, uma pequena égua castanha com 30 anos. O incidente foi descrito pelos donos como uma “horrível angústia” e serviu de mote para a presidente da Comissão Europeia apelar à redução do estatuto da proteção do lobo nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE).
Passados quase três anos, o Conselho Europeu aprovou definitivamente, esta quinta-feira, a redução desse estatuto: o nível de proteção de lobo passou de “estritamente protegido” a “protegido”, exceto em quatro países — Portugal, Bélgica, Polónia e República Checa —, que mantêm a anterior classificação. A decisão permite, na prática, que a espécie volte a ser caçada e dá “mais flexibilidade” aos Estados-membros para gerirem as populações de lobos”.
Como justifica o Conselho Europeu, em comunicado divulgado na quinta-feira, o estado de conservação deste animal tem apresentado tendência positiva nos últimos anos. “Segundo um estudo da Comissão Europeia de 2023, a espécie recuperou com êxito em todo o continente europeu e a população estimada quase duplicou em dez anos (de 11.193 em 2012 para 20.300 em 2023)”.
“No entanto, esta expansão contínua gerou desafios socioeconómicos, em particular no que diz respeito à coexistência com as atividades humanas e aos danos causados ao gado”, lê-se na mesma justificação. Segundo os números avançados pela instituição, citando os dados mais recentes disponíveis dos Estados-membros, estima-se que os lobos matam pelo menos 65 mil cabeças de gado todos os anos na UE.
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