Murat Kanatlı é um homem turco-cipriota que esta semana viu o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos dar-lhe razão num processo contra a Turquia: foi preso por se recusar a cumprir um dia de serviço militar na República Turca do Chipre do Norte, a parte da ilha de Chipre que declarou a independência em 1983 mas apenas é reconhecida por Ancara.
Os juízes de Estrasburgo deram como provado que a Turquia violou o direito de liberdade de pensamento de Kanatli: em 2009, já depois de ter cumprido o serviço militar obrigatório e outras missões esporádicas, alegou objeção de consciência para não voltar. Foi julgado por um tribunal militar e condenado a pagar uma multa de €167. Quando se recusou, cumpriu uma pena de dez dias de prisão. Agora, o tribunal condenou o estado turco a pagar-lhe uma indemnização de €9 mil por danos imateriais, além das custas judiciais.
A ilha de Chipre foi dividida em 1974 – faz 50 anos em julho – após uma invasão da Turquia em resposta a um golpe de Estado de uma junta militar apoiada pela Grécia. Todas as negociações promovidas pela ONU para sanar as disputas étnicas – solução de dois estados ou reunificação – têm falhado.
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