No teto do United Center em Chicago, milhares de balões estão a ser preparados para cair sobre uma multidão em êxtase, quando Kamala Harris for oficialmente nomeada candidata pela Convenção Nacional Democrata às presidenciais norte-americanas na quinta-feira, com Tim Walz ao seu lado. A disposição dos democratas nas últimas semanas tem sido surpreendentemente positiva: após a desistência de Joe Biden da corrida, a campanha de Harris apostou numa mensagem de entusiasmo e esperança, os memes deram um ‘boost’ à candidatura e, em poucas semanas, a vice-presidente dos Estados Unidos passou de alternativa desconhecida e impopular, a estrela nas redes sociais e aposta inquestionável de um partido unido.
Contudo, se é verdade que muitas eleições norte-americanas são ganhas no centro, não há garantias na corrida à Casa Branca, nem portas adentro.
Internamente, no Partido Democrata ainda existe uma considerável dose de hesitação em torno de Harris, um escrutínio que muitos progressistas acreditam ser justificado (mesmo que não esteja em cima da mesa votar em Donald Trump). Segundo o New York Times, quando a Convenção Democrata começar esta semana, são esperados vários protestos contra a Administração Biden e a candidata, devido ao apoio dos Estados Unidos a Israel e à sua ofensiva na Faixa de Gaza, e nos territórios palestinianos ocupados.
Kamala Harris tem-se mostrado mais empática com o povo palestiniano ao longo dos últimos dez meses, defendendo um cessar-fogo em março, muito antes de Joe Biden - que até admitiu ser sionista. Em julho, após um encontro com o primeiro-ministro israeltia Benjamin Netanyahu, a vice-presidente declarou que acredita na solução de dois Estados, que garanta que os palestinianos “possam exercer o seu direito à liberdade, dignidade e autodeterminação”.
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