Joe Biden acredita que é “tempo de proibir” a espingarda AR-15, o modelo usado na tentativa de assassinato de Donald Trump, no sábado. Após o acontecimento que foi lido por vários politólogos como um revés à sua campanha, o Presidente norte-americano recorreu ao tema do impacto da violência armada nas comunidades dos EUA para desviar o foco da história republicana.
Discursando no seu primeiro evento público depois de pedir desculpa pelas declarações sobre colocar Trump “no alvo”, o líder norte-americano vincou: “Uma AR-15 foi usada no disparo contra Donald Trump. Esta foi a arma que matou tantas outras pessoas, incluindo crianças. É tempo de as proibir.” Biden puxou então dos galões, referindo-se ao seu envolvimento na aprovação da proibição daquelas armas em 1994 (que expirou 10 anos depois): “Fiz isto uma vez, e vou voltar a fazê-lo”.
Na convenção da NAACP (uma organização norte-americana empenhada em atenuar as desigualdades sociais sofridas por afro-americanos), o candidato à Casa Branca apresentou-se: “O meu nome é Joe Biden, e sou membro vitalício da NAACP.” Em seguida, tentou desvalorizar os esforços dos seus colegas democratas para encontrar um candidato mais popular, aludindo à frase creditada ao ex-Presidente Harry Truman: “Se quer um amigo em Washington, compre um cão.”
“Depois das últimas semanas, sei o que ele quis dizer”, brincou Biden. Depois, voltou à carga, criticando Trump por causa do comentário sobre o “emprego negro”. (Trump afirmou, durante o seu primeiro debate, que os imigrantes ilegais estão a “aceitar empregos para negros agora”.)
“É claro que ele pensa em empregos para negros”, disse Biden à multidão na convenção da NAACP, o grupo de defesa dos direitos civis nos Estados Unidos. “Adoro a sua frase: Trabalhos negros. Diz muito sobre o homem e sobre o seu arácter. Eu sei o que é um trabalho negro. É um vice-presidente dos Estados Unidos. Eu sei o que é um trabalho negro. O primeiro Presidente negro… Barack Obama." Foi então que a multidão que ali se encontrava começou a clamar por “mais quatro anos”.
Joe Biden também restaurar o direito constitucional ao aborto. “E, adivinhem, aconteça o que acontecer, vamos restaurar Roe v. Wade, como lei nacional”, declarou. Em plena convenção da NAACP, o Presidente dos EUA garantiu à plateia: um segundo mandato de Donald Trump “dissolveria tudo” o que defendem.
De acordo com Biden, durante toda a sua carreira teve preocupação “com os trabalhadores deste país”, contrastando com o seu antecessor. “Vão desfazer tudo, desfazer tudo o que a NAACP representa.”
No final do seu discurso, o chefe de Estado norte-americano defendeu-se, assegurando que tem capacidade de continuar a servir como presidente, apesar das crescentes preocupações entre os democratas sobre a sua idade avançada.
“Espero que, com a idade, tenha demonstrado um pouco de sabedoria. Eis o que sei: sei dizer a verdade. Eu sei distinguir entre o certo e o errado. Eu sei como fazer este trabalho, e sei que o bom Deus não nos trouxe até aqui para nos deixar, agora que há mais trabalho a fazer."
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