Tomada de posse de Trump: Michelle Obama recusa ir à festa, Ventura não falha e Bolsonaro "chateado" porque 'Xandão' não o deixa ir
Muitas pessoas sentem que as coisas não estão como deviam estar. E as pulsões anti-imigração, como bem captou Donald Trump, crescem um pouco por todo o lado
Michael Ciaglo/Getty Images
O único convite de Trump endereçado a um líder europeu foi para a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, da direita radical. O amigo húngaro Viktor Orbán não foi convidado para a festa, mas foi o seu partido europeu, Patriotas pela Europa, que inclui André Ventura na comitiva
Donald Trump e Melania viajaram a bordo de um avião militar para Washington, onde esta segunda-feira se realiza a tomada de posse. A cerimónia vai contar com a presença de todos os ex-presidentes dos Estados Unidos, acompanhados pelas antigas primeiras-damas, com exceção de Michelle Obama, que já anunciou que não vai comparecer. Se uns não vão porque não querem, outros não vão porque não podem, como é o caso de Bolsonaro, impedido de sair do país por Alexandre de Moraes (conhecido popularmente por ‘Xandão’), ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Estou chateado. Ainda estou abalado. Eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele [Alexandre de Moraes] é o dono do processo, ele é o dono de tudo. Faz o que bem entende”, disse Bolsonaro, quase em lágrimas, aos jornalistas, quando foi acompanhar a mulher ao aeroporto de Brasília, onde a viu embarcar para os EUA, de forma a representar o marido na tomada de posse do 47.º presidente norte-americano.
Anadolu
Para Bolsonaro, o objetivo do ministro do STF é “eliminar a direita” no Brasil. “Eu represento, no mínimo 58 milhões de pessoas no Brasil. Represento a direita e os conservadores”, comentou Jair Bolsonaro, que admitiu ter ficado “muito feliz” com o convite de Trump.
Quem também está muito contente e vai mesmo viajar para os EUA, marcando presença na cerimónia, é André Ventura. “Penso que é meu dever estar presente por entender que o mundo está a mudar”, declarou o presidente do Chega, que se vai juntar a uma delegação dos Patriotas pela Europa, grupo nacionalista com representação no Parlamento Europeu. “É importante que as relações entre Portugal e os EUA sejam salvaguardadas e que a mudança que Trump representa seja também salvaguardada na Europa”, salientou Ventura, o único político português que estará presente.
Meloni convidada, Órban fica de fora
Aliás, no que toca a chefes de Estado ou de Governo europeus, o único convite de Trump foi endereçado à primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, que vai estar na tomada de posse. O mais espantoso é Viktor Orbán, o mais impetuoso nacionalista conservador da UE, não estar na lista de convidados. Menos surpreendente é que António Costa, Ursula von der Leyen ou Roberta Metsola não tenham sido chamados para a festa. Apenas embaixadores de países europeus vão comparecer. Francisco Duarte Lopes, embaixador português nos EUA, vai representar o país.
A cerimónia, que tradicionalmente se realiza na escadaria monumental do Capitólio, vai decorrer no interior do edifício, devido às previsões de frio intenso (-6º). A última vez que isto aconteceu foi quando Ronald Reagan tomou posse, em 1985, também por causa das temperaturas negativas registadas na altura.
Trump vai ter duas bíblias durante o juramento: a que lhe foi oferecida pela sua mãe em 1955 e aquela que foi utilizada por Abraham Lincoln, o 16.º presidente dos EUA.
Já o vice-presidente, JD Vance, fará o juramento com uma bíblia que pertenceu à sua bisavó materna.