Timothy Snyder, o reconhecido historiador de Yale, cunhou, num artigo de opinião no jornal “The Guardian”, uma nova palavra para definir a aliança (ou a codependência) entre Donald Trump e Elon Musk. “Eu ia chamá-la de Muskotrumpovia, porque acho que Musk é uma pessoa mais importante, mas Trumpomuskovia soava melhor”, explica-se então. Snyder quis incluir na aglutinação a alusão a Moscovo. “Trumpomuskovia” assemelha-se aos anos 1990 na Rússia: "Temos o Presidente vacilante, rico-mas-não-muito-rico [Boris Yeltsin], cercado por oligarcas mais jovens, mais ativos e ambiciosos. Esse é o tipo de cenário em que [a América] está.”
Aviso semelhante emitiu Kate Soper, professora emérita de filosofia do Instituto para o Estudo das Transformações Europeias da Universidade Metropolitana de Londres, em entrevista ao Expresso: “Parece que a resposta fácil para os nossos tempos é o imenso poder de uma elite muito pequena, que define a agenda. Mas eles são patologicamente movidos pela ganância monetária. Se eles têm o suficiente para desfrutar de um padrão de vida decente e de um certo nível de prosperidade, não acho que queiram perseguir incessantemente o dinheiro. O dinheiro é muito atraente para algumas pessoas porque lhes dá poder. Isto aplica-se a Trump e a Moscovo, mas torna-se muito dominante na nossa cultura e, de facto, a nível global. O próprio Maynard Keynes [economista neo-keynesiano] considerou isto uma patologia, que ele disse que superaríamos. Mas não superámos.”
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