O candidato presidencial norte-americano disse aos apoiantes que “não terão de voltar a votar” caso seja reeleito. As afirmações causaram apreensão e críticas
Jornalista
“Cristãos, saiam e votem! Só desta vez, não terão de o fazer mais”, disse Donald Trump este sábado, num comício no estado de Minnesota, no Centro-Oeste. E acrescentou: “Sabem que mais? Vamos resolver isto! Vai ficar tudo bem. Não terão de votar mais, meus queridos cristãos”. Numa mensagem clara de apelo ao voto, o candidato presidencial pelos republicanos repetiu que tudo será “resolvido” e que “daqui a quatro anos” este eleitorado não “precisará de votar” outra vez.
O discurso do comício foi transmitido em direto pela RSBN, um canal associado ao partido republicano, e excertos do vídeo com as afirmações estão a ser partilhados na rede social X.
Apesar de Trump não ter esclarecido o que queria dizer, as declarações têm causado algumas críticas e nervosismo por parte de figuras norte-americanas, salientou o jornal “The Guardian”. Uma delas foi a do advogado especializado em direitos humanos, Andrew Seidel, que considerou, através de um post na rede social X, que as afirmações mostram um objetivo de “acabar com a democracia” nos Estados Unidos. Também Katie Phang, advogada, apresentadora e analista política norte-americana, escreveu na mesma rede: “Noutras palavras, Trump nunca deixará a Casa Branca se for reeleito.”
As afirmações acontecem três anos e meio após o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos da América protagonizado pelos apoiantes de Trump, graças a um repto do próprio, com o objetivo de impedir a formalização da eleição de Joe Biden nas presidenciais norte-americanas de 2021.
No comício que fazia parte do Turning Point Action's The Believers Summit 2024, Donald Trump voltou a fazer um ataque cerrado à sua oponente, Kamala Harris. “Se a Kamala Harris for eleita, será a presidente liberal radical mais extremista da história americana”, disse numa das várias acusações atiradas à candidata que deverá substituir Joe Biden depois deste ter anunciado a sua desistência da corrida à Casa Branca.
Duas semanas depois da tentativa de assassinato, Donald Trump anunciou que irá retomar os comícios ao ar livre com proteção reforçada dos Serviços Secretos. "Ninguém deve impedir ou dificultar a liberdade de expressão ou de reunião", disse o candidato à presidência dos Estados Unidos da América na sua rede social Truth Social, este sábado, acrescentando que os Serviços Secretos concordaram "intensificar fortemente as suas operações".
Esta declaração surge após o serviço de elite responsável pela proteção de personalidades norte-americanas de alto escalão ter sugerido à equipa de campanha do republicano que evitasse a organização de grandes eventos ao ar livre e privilegiasse salas grandes e fechadas.
O aconselhamento surgiu depois do ataque sofrido num comício na Pensilvânia, a 13 de junho, onde Donald Trump foi ferido na orelha por um tiro, um espectador foi morto e outros dois ficaram gravemente feridos. A diretora dos Serviços Secretos, Kimberly Cheatle, renunciou ao cargo na passada terça-feira, um dia após uma tensa audiência parlamentar durante a qual reconheceu um grande fracasso.
O FBI confirmou na passada sexta-feira que Trump foi atingido por uma bala ou fragmento de bala, pondo fim às dúvidas sobre a natureza do ferimento na orelha direita. No entanto, os investigadores ainda tentam apurar o motivo do ataque que abalou a campanha e suscitou fortes críticas aos Serviços Secretos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mcoutinho@expresso.impresa.pt
