EUA

EUA. Cinco argumentos que os congressistas republicanos utilizaram para tentar impedir a confirmação de Biden

A Câmara dos Representantes dos EUA
A Câmara dos Representantes dos EUA
Greg Nash / POOL

Os republicanos da ala trumpista esgrimiram todo o tipo de armas para tentarem impedir a confirmação da eleição de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos. Conheça a argumentação falsa dos adeptos do chefe de Estado cessante

O jornal “The New York Times” escrutinou os vários argumentos utilizados pelos congressistas republicanos para tentar impedir a confirmação de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos, na madrugada de quinta-feira. Quatro são falsos e um é falacioso, conclui o maior diário dos Estados Unidos.

A campanha de Donald Trump interpôs 60 ações judiciais alegando fraudes e irregularidades eleitorais, mas os tribunais só deram provimento a uma, que não teve consequências na distribuição do Colégio Eleitoral. Resta saber se estes trumpistas vão ficar por aqui ou se vão continuar a recorrer a esta cruzada fake nos próximos tempos, como arma de destabilização da presidência de Biden.

Votos por correio

Andy Harris, congressista do Partido Republicano, representante do estado de Maryland, acusa o Supremo Tribunal da Pensilvânia de ter prolongado a receção de votos por correio até três dias depois das eleições presenciais de 3 de novembro. Esta decisão do Supremo Tribunal da Pensilvânia “foi uma adaptação às circunstâncias extraordinárias da pandemia generalizada de coronavírus, que afetou milhões de eleitores” deste estado, escreve o jornal, tendo em conta a capacidade dos serviços postais “para entregar [todos] os votos” até ao dia das eleições presenciais. Harris acusa o Supremo da Pensilvânia de ter tomado uma decisão “unilateral”. O fact-check de “The New York Times” classifica de “enganador” o argumento deste congressista.

Voto eletrónico

Marjorie Taylor Greene, congressista republicana eleita pelo estado da Geórgia, atacou o voto eletrónico, dizendo que foi “provado que essas máquinas estão ligadas e podem ser pirateadas”. Este argumento inspira-se na teoria conspirativa do movimento QAnon. Greene alega que os democratas “mentiram ao dizer que o sistema de votação eletrónico não era vulnerável a hackers por não estar ligado à Internet”, escreve o jornal, que classifica este argumento como falso.

Prova de fraude

A mesma Taylor Greene argumentou que todas as ações interpostas pela campanha de Trump foram “rejeitadas” sem que tivesse sido demonstrada a inexistência de fraude. Recorde-se que a campanha do republicano só ganhou uma das 60 ações judiciais que interpôs, questionando aspetos do sistema de votação e contagem. Algumas destas ações foram arquivadas por razões processuais, incluindo falta de legitimidade dos autores para instaurá-las. “The New York Times” analisou-as e concluiu que “dois terços dos processos não alegavam fraude eleitoral”. Só cerca de “uma dúzia é que o fez”, mas os tribunais (incluindo juízzes nomeados por Trump) não deram provimento a esses processos. Foi o caso do estado do Nevada, em que apoiantes do ainda Presidente alegaram ter encontrado “120 mil casos de fraude eleitoral”. O tribunal estadual que analisou o processo disse que a campanha não apresentou “nenhuma evidência credível ou fiável de que as eleições gerais de 2020 em Nevada tenham sido afetadas por fraude”, escreve o diário nova-iorquino, classificando este argumento como falso.

Observadores eleitorais

Para a congressista republicana Elise Stefanik, há “declarações assinadas que documentam numerosas irregularidades inconstitucionais” no estado do Michigan. Stefanik alega que houve funcionários que “bloquearam fisicamente o direito dos observadores a assistir à contagem dos votos”. O argumento foi considerado falso porque nenhum observador eleitoral se queixou de lhe ter sido vedado acesso à contagem dos votos.

Voto dos imigrantes ilegais

A bandeira dos imigrantes ilegais foi a escolhida pelo congressista republicano Mo Brooks, do estado do Alabama. Alega que ao longo do ano de 2020 “os democratas promoveram uma enorme interferência estrangeira nas eleições americanas, ajudando estrangeiros ilegais e outros a votarem nas eleições americanas”. Nada prova que os democratas tenham tido este tipo de atuação. Nas 60 ações judiciais interpostas pela campanha de Trump, não foi provado “um único caso de votação ilegal (…) incluindo casos de voto por parte imigrantes indocumentados”, escreve a publicação, para quem este é mais um argumento falso.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate