EUA

Trump acusou tudo e todos, falou em roubo, não apresentou provas, ameaçou com os tribunais e a seguir saiu sem responder aos jornalistas

Trump acusou tudo e todos, falou em roubo, não apresentou provas, ameaçou com os tribunais e a seguir saiu sem responder aos jornalistas
MANDEL NGAN / GETTY IMAGES

Presidente dos EUA chamou os jornalistas à Casa Branca - depois mandou-os embora sem responder a qualquer pergunta. Pelo meio, num discurso em que implicitamente assume a derrota mas também o desejo - esse explícito - de avançar para os tribunais, Donald Trump fez graves acusações ao sistema eleitoral norte-americano sem apresentar uma única prova

Trump acusou tudo e todos, falou em roubo, não apresentou provas, ameaçou com os tribunais e a seguir saiu sem responder aos jornalistas

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

Donald Trump pronunciou-se publicamente esta quinta-feira pela primeira vez desde a noite eleitoral - fez as acusações do costume e como de costume não apresentou provas. “Se contarmos os votos legais, ganho facilmente”, afirmou. Mas todos os votos que estão a ser contados neste momento cumprem a lei do país.

Depois de se regozijar com o que considera ser a vitória republicana no Senado (uma vitória não confirmada) e de ter salientado o que disse serem resultados histórico de votos no Partido Republicano por parte dos “votantes não brancos” - onde incluiu latinos e afro-americanos -, Trump considerou que as sondagens dos últimos dias foram manipuladas e usadas para evitar que os eleitores republicanos fossem votar - defendeu que o facto de as sondagens darem a vitória aos democratas desmobilizou o eleitorado dos republicanos. Criticou ainda o trabalho da imprensa, que considerou ter sido “injusta”.

“É um sistema corrupto e torna as pessoas corruptas mesmo quando quando elas não o são por natureza”, acusou. “Descobrem quantos votos precisam e arranjam forma de os ter. Vimos isso, por exemplo, na Carolina do Norte: estávamos muito à frente na noite eleitoral e, embora ainda continuemos à frente, a distância já não é tão grande. Arranjaram os votos que precisavam. E é engraçado como estes votos posteriores são só para um lado.” (nota: grande parte dos eleitores republicanos votou presencialmente, ao passo que uma grande fatia dos eleitores democratas votou por correio devido à pandemia - e os votos contados inicialmente foram os presenciais e de seguida os que chegaram por correio, daí o facto de Trump ter perdido vantagens em vários estados com o evoluir da contagem (e isto já tinha sido explicado antes das eleições) Na Geórgia, continuou Trump, “passámos de um ponto em que eu estava a ganhar por muito para estar a ganhar por menos”.

“Haverá muitos processos” na justiça, ameaçou Trump, que acredita que assim vai “ganhar facilmente”. “Não podemos ter uma eleição roubada desta maneira”, disse na conferência de imprensa. “Já tinha dito muitas vezes que os votos postais iam terminar em desastre. Isto é uma fraude à grande escala e aumenta a cada dia.” E depois, num registo que não tem sido muito comum, continuou: “Não é uma questão de quem ganha: se eu ou o Joe. O que não podemos que uma desgraça destas [uma eleição roubada] aconteça no nosso país”.

Trump reconfirmou ainda que vai recorrer ao Supremo. “Houve muita confusão e não podemos admitir isso no nosso país. Isto deve terminar na mais alta instância dos EUA”, defendeu. Sem apresentar qualquer prova daquilo que dizia, o presidente norte-americano enumerou uma série de episódios em várias zonas do país que considera “pouco transparentes”, “corruptos” e que, consequentemente, fizeram nascer a onda azul, algo que Trump negou ser real - sem apresentar provas. No caso das cidades de Detroit (no estado do Michigan, onde já foi declarada a vitória de Biden) e de Filadélfia (na Pensilvânia, onde ainda se contam votos), Trump chegou mesmo a considerar que são duas das cidades “mais corruptas do país”.

Depois de alguns minutos a falar, saiu da sala de conferência de impresa sem responder a quaisquer pergunta dos jornalistas. Pouco antes disse assim: “Estão a tentar roubar a eleição e não podemos deixar”. Mas Trump saiu da sala sem deixar provas das acusações que fez.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mpgoncalves@expresso.impresa.pt

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