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Eleições nos EUA. Calma e prudência — e que todos os votos sejam contados: o que os líderes políticos vão pedindo um pouco por todo o mundo

Eleições nos EUA. Calma e prudência — e que todos os votos sejam contados: o que os líderes políticos vão pedindo um pouco por todo o mundo
SteveChristensen/Getty Images

A mensagem principal é esta: aguardar que todos os votos sejam contados antes de ser declarado um vencedor das eleições presidenciais nos EUA. Mas há quem destoe: Janez Jansa, primeiro-ministro da Eslovénia, já felicitou Donald Trump pela “reeleição”

Eleições nos EUA. Calma e prudência — e que todos os votos sejam contados: o que os líderes políticos vão pedindo um pouco por todo o mundo

Helena Bento

Jornalista

União Europeia
Calma — e também prudência — são palavras que definem o estado de espírito da União Europeia, enquanto se aguarda a contagem dos votos nos EUA. Numa publicação no Twitter, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o bloco comunitário está disponível “para continuar a construir uma forte parceria transatlântica", independentemente do vencedor. “O povo americano falou. Enquanto esperamos pelo resultado das eleições, a UE permanece disponível para continuar a construir uma forte parceria transatlântica, baseada nos nossos valores e história comuns", lê-se na mensagem.

Rússia
Da Rússia, a reação expectável: Vladimir Putin, o Presidente, afirmou-se satisfeito com os resultados obtidos até ao momento, que mostram, acrescentou, que as alegações de interferência nas eleições em 2016 eram mentira, segundo meios de comunicação internacionais.

Konstantin Kosachev, líder do comité de Relações Internacionais da câmara alta do parlamento russo, afirmou que a Rússia “beneficia de qualquer cenário em que o partido derrotado não precisa de recorrer a alegações de interferência externa”. “A América tem de voltar à política da sanidade. É hora disso. Quanto a nós, iremos sempre a apoiá-la”.

China
Wang Wenbin, ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, não quis comentar as eleições, quando questionado esta quarta-feira sobre isso (trata-se, justificou, de um assunto de política interna em que China não deve imiscuir-se) mas Hu Xijin, editor do jornal estatal chinês “Global Times”, fê-lo. “Os EUA estão a degradar-se”, afirmou, acrescentando “que as sondagens americanas estão agora a ser ridicularizadas pela comunidade online chinesa”.

Irão
Para o Presidente iraniano Hassan Rouhani não importa assim tanto o desfecho das eleições norte-americanas, uma vez que o seu país “já se preparou para as condições difíceis” que se avizinham. Numa discurso televisivo na quarta-feira, citado pela “Al-Jazeera”, Rouhani afirmou que, independentemente dos resultados, devem ser respeitados os tratados e leis internacionais. “Queremos ser respeitados e não ser alvo de sanções por parte dos EUA. Independentemente de quem vença, queremos que sejam respeitadas as leis, bem como os acordos internacionais e multilaterais”, afirmou, numa referência ao acordo nuclear de 2015, a que os EUA renunciaram.

Alemanha
“Situação muito explosiva.” Foi esta a reação que chegou, na manhã desta quarta-feira, da Alemanha. Em declarações à estação de televisão pública alemã ZDF, a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, afirmou que o resultado das eleições “ainda não está decidido” e que os “votos ainda estão a ser contados”. Foi uma espécie de recado a Donald Trump, que se declarou vencedor da eleição mesmo quando há milhões de votos por contar em estados decisivos, como é o caso da Carolina do Norte (15 votos eleitorais), Geórgia (16), Michigan (16), Pensilvânia (20) e o Wisconsin (10). Trump manifestou mesmo a sua vontade em parar a contagem de votos e recorrer ao Supremo Tribunal dos EUA, acusando os democratas de “roubar as eleições”.

Peter Altmaier, um aliado político de chanceler alemã Angela Merkel (de quem é, aliás, muito próximo) admitiu ter “receio de que um resultado tão próximo entre candidatos possa vir a dar origem a uma discussão muito, muito longa”, citado pelo britânico “The Guardian”.

Reino Unido
No Reino Unido, Dominic Raab, ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, apelou à paciência, acrescentando que o país “respeita os valores da democracia e os mecanismos de equilíbrio e controlo do poder [‘checks and balances’] do sistema americano”. “Confiámos, por isso, num resultado”, afirmou, citado pelo “Guardian”.

Espanha
Calma foi também o que pediu Aráncha González Laya, ministra espanhola dos Negócios Estrangeiros, em declarações ao jornal “El País”. “Temos de esperar que todos os votos sejam contados. “A eleição está muito renhida e eu mesma não gostaria de me pronunciar neste momento sobre os resultados. Não seria responsável.” Questionada, em concreto, sobre a possibilidade, adiantada por Trump, de ter havido uma “fraude”, respondeu: “A democracia americana é forte, tem instituições fortes e há que ter confiança nelas e na sua capacidade de, seguindo determinados procedimentos, encontrar uma solução.”

Eslovénia
Muito menos dúvidas manifestou o primeiro-ministro da Eslovénia, Janez Jansa, que numa publicação no Twitter felicitou Donald Trump pela “reeleição”. “É claro que os norte-americanos elegeram Donald Trump", escreveu o chefe do Governo esloveno e líder do partido anti-imigração SDS. Não é uma surpresa: Janez Jansa foi um dos únicos líderes europeus a apoiar a candidatura de Donald Trump, em conjunto com o seu homólogo e aliado húngaro, Viktor Orbán. Sobre Joe Biden, disse mesmo: será “o Presidente mais fraco da história dos EUA”.

Canadá
Aos jornalistas, e citado pela revista “Time”, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que o seu país “está disponível para continuar a trabalhar com a população americana e o Governo dos EUA, independentemente do resultado” das eleições.

Austrália
Penny Wong, a ministra-sombra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, chamou a atenção para a necessidade de contar todos os votos antes de ser declarado um vencedor das eleições norte-americanas. “O número de americanos que votou é histórico. E esses mesmos americanos merecem que as suas vozes sejam ouvidas”, escreveu numa publicação no Twitter, acrescentando: “O processo democrático tem de ser respeitado, mesmo que demore algum tempo. É do interesse da Austrália que a América se mantenha como democracia estável e credível”.

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