Eleições no Brasil

Brasil: bloqueios nas estradas federais diminuem, mas apoiantes de Bolsonaro continuam nas ruas

Brasil: bloqueios nas estradas federais diminuem, mas apoiantes de Bolsonaro continuam nas ruas
CAIO GUATELLI

O número de bloqueios desceu para 150, 40 a menos do que os 190 registados pela meia-noite de terça-feira, dia 1 de outubro (horário de Lisboa), segundo informações divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF)

Três dias depois das eleições presidenciais de domingo, em que Lula da Silva saiu vitorioso com menos de 2 pontos de vantagem, o Brasil continua a assistir a grandes protestos de camionistas, apoiantes do ainda Presidente Jair Bolsonaro, que têm bloqueado estradas federais um pouco por todo o país.

Segundo informações divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de bloqueios desceu para 150, 40 a menos do que os 190 registados pela meia-noite de terça-feira, dia 1 de outubro (horário de Lisboa). Estão espalhados por 15 estados brasileiros, um número também menor face aos 19 estados que serviram de palco a bloqueios de vias de trânsito na noite de terça-feira.

A mesma fonte policial refere ainda que a PRF terá desfeito 601 manifestações e realizado “1921 atuações referentes à obstrução das rodovias federais”.

Este alívio nas hostilidades chegou na sequência das declarações de Jair Bolsonaro ao país, proferidas na passada terça-feira no Palácio da Alvorada, depois de um longo silêncio de dois dias após ter sido anunciada a vitória de Lula da Silva.

Num breve discurso, sem nunca falar dos resultados ou reconhecer explicitamente a sua derrota, Bolsonaro agradeceu apenas aos brasileiros que votaram nele e lembrou alguns dos triunfos do seu mandato.

Depois, comentou os movimentos de protesto dos camionistas: “São fruto de indignação, ressentimento e injustiça de como se deu o processo eleitoral”. Apesar desta frase poder representar uma tácita aprovação à substância dos protestos, Bolsonaro repudiou, no entanto, a sua forma: ”As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população”.

Ignorando o despacho de Alexandre de Moraes, magistrado do Supremo Tribunal Federal, que autoriza a atuação da polícia militar e prevê uma multa de 10 mil reais para quem se mantiver no local, muitos dos apoiantes de Bolsonaro continuam a protestar.

Só no estado de São Paulo estão bloqueados mais de 20 pontos e as tropas de choque militares têm-se visto obrigadas a intervir com recurso a jatos de água e granadas de fumo para desobstruir várias estradas. Por volta das 15h30 de hoje, a polícia militar utilizou carros blindados para evitar que os manifestantes bloqueassem totalmente a Rodovia Castello Branco, avançou o jornal brasileiro Estadão.

Milhares de pessoas estão também reunidas junto a quartéis militares em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para exigir uma “intervenção militar” que devolva o poder a Bolsonaro.

Num sinal claro de que a resolução dos protestos poderá ainda demorar, e também de uma certa conivência de alguns setores das forças policiais brasileiras para com os manifestantes, um vídeo publicado nas redes sociais mostra quatro polícias militares rodoviários a fazer o ato de continência a apoiantes de Bolsonaro no estado de São Paulo.

Segundo especialistas citados pelo jornal Folha de São Paulo, os agentes podem vir a sofrer consequências legais pelas suas ações.

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