Eleições no Brasil

“Acabou”: Bolsonaro reuniu-se com Supremo Tribunal e garante que não vai contestar resultado das eleições

“Acabou”: Bolsonaro reuniu-se com Supremo Tribunal e garante que não vai contestar resultado das eleições
EVARISTO SA

Presidente brasileiro cessante queria uma reunião com os juízes do Supremo Tribunal Federal, mas primeiro teve de admitir publicamente que iria cumprir a Constituição. Hipótese de contestação dos resultados parece ser assunto encerrado. Transição de poder vai decorrer de acordo com a lei

Jair Bolsonaro encontrou-se esta terça-feira com os juízes do Supremo Tribunal Brasileiro (STF), pouco tempo depois de falar ao país pela primeira vez após ser conhecida a vitória de Lula da Silva nas eleições deste domingo. O encontro terá servido para o ainda Presidente da República confirmar ao mais importante tribunal do Brasil que vai respeitar os resultados eleitorais e iniciar uma transição pacífica de poder.

Segundo um dos juízes presentes na reunião, jair Bolsonaro disse que o resultado das eleições é assunto encerrado. “O Presidente da República usou o verbo ‘acabar’ no passado. “Acabou”. Portanto, olhar para a frente”, afirmou o juiz, citado pelo jornal “Estadão”.

Antes de Bolsonaro chegar à sede do Tribunal, que esteve encerrado por risco de invasão dos apoiantes do derrotado, os membros do STF já tinham reconhecido a importância da garantia dada pelo atual Presidente de que era contra protestos violentos nas ruas – e também que iria cumprir a Constituição brasileira.

"O Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições", indicou, numa nota, o STF.

A reunião entre os juízes e Bolsonaro durou pouco mais de uma hora e contou com a presença de Paulo Guedes, ministro da Economia, que descreveu o encontro como "supertranquilo" e "amistoso". No final da reunião, a presidente do STF escreveu uma segunda nota, em que reafirma o compromisso do atual governo com a transição democrática.

No seu discurso, quase 48 horas após a vitória de Lula ser confirmada, Bolsonaro fez essa promessa: "Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar os média e as redes sociais. Enquanto Presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.”

Antes de fazer este discurso, Bolsonaro tentou marcar uma reunião com o Supremo Tribunal Federal para denunciar uma suposta “falta de equilíbrio” por parte dos membros do Tribunal Superior Eleitoral durante as eleições. No entanto, os juízes recusaram o convite do Presidente, sublinhando que só aceitariam reunir-se com Bolsonaro depois de este reconhecer publicamente a derrota nas eleições.

Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, confirmou depois do discurso que tinha recebido “autorização” para dar início ao processo de transição com base na lei.

"A presidente do PT [Partido dos Trabalhadores], segundo ela em nome do Presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país", concluiu Ciro Nogueira.

Lula da Silva toma posse a 1 de janeiro de 2023.

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