Bolsonaro gasta 170 mil euros em mês e meio. Contribuinte brasileiro paga a conta
Jair Bolsonaro num encontro de apoiantes de Donald Trump em Miami, Florida
CHANDAN KHANNA/AFP/Getty Images
Desde que saiu do Brasil, dois dias antes terminar o mandato, o antigo Presidente já custou 170 mil euros ao erário público brasileiro. E vai gastar mais. As despesas, legais, são mais elevadas por Jair Bolsonaro estar nos Estados Unidos. Fique a saber quanto é pago a assessores, motoristas e intérpretes
Jair Bolsonaro não escapa à regra de benefícios dos seis presidentes que o antecederam no cargo desde que a democracia foi reinstituída no país, em 1985. No Brasil (como em muitos outros países, Portugal incluído), ser ex-chefe de Estado dá direito a um conjunto de benefícios que incluem assessores, carro, motoristas e segurança pessoal.
O que distingue Bolsonaro (2019-23) dos seus antecessores – José Sarney, Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva [até tomar posse no terceiro mandato], Dilma Rousseff e Michel Temer – é o facto de ter abandonado o Brasil dois dias antes de terminar o mandato presidencial. A saída para os Estados Unidos, a 30 de dezembro de 2022, já custou 170 mil euros ao Estado brasileiro, um terço dos quais gastos depois de Lula ter tomado posse, a 1 de janeiro.
A divulgação sobre os 950 mil reais (cerca de €170 mil) gastos pelo ex-Presidente até esta quarta-feira baseia-se em dados fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores, ao abrigo da Lei de Acesso à Informação e informações do Portal da Transparência.
Do total gasto desde 28 de dezembro – data em que os primeiros assessores do ex-Presidente partiram para os Estados Unidos – 667,5 mil reais (cerca de €120 mil) foram gastos em (apenas) quatro dias, quando Bolsonaro ainda era Presidente do Brasil. Os adidos presidenciais foram preparar a instalação de Bolsonaro, que chegaria dois dias depois, a bordo de um avião das Forças Armadas Brasileiras custeado pelo Estado brasileiro. O preço desse voo não está contabilizado neste pacote de gastos, refere o jornal “Estado de Minas”.
A comitiva que o acompanhou gastou em quatro dias, em “hospedagens e diárias”, R$ 299 mil (mais de €53 mil), escreve a Folha de São Paulo, acrescentando que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também pagou “R$ 39,4 mil”, quase €7000, em intérpretes para Bolsonaro e acompanhantes.
A lei permite que ex-chefes do Executivo mantenham seis assessores remunerados pelo orçamento público, além de dois carros com motorista. Assim, a permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos, depois de Lula ter tomado posse, acarretou gastos em ajudas de custo de R$ 271 mil [perto de 50 mil euros] pagos aos assessores e outros funcionários. Por estarem com ele em Orlando [Florida], fora do seu local de residência, têm legalmente direito a esta verba.