Há 25 anos começava o processo de autodeterminação do primeiro novo país do século XXI. Depois de declarar a independência de Portugal, em novembro de 1975, Timor-Leste foi invadido pela Indonésia no mês a seguir, preâmbulo de ocupação violenta que durou mais de duas décadas. Num esforço de diplomacia incansável, José Ramos-Horta foi, desde cedo, um dos líderes da resistência timorense. Esta culminou no referendo da independência, a 30 de agosto de 1999, e na libertação, em 2002.
Ramos-Horta esteve exilado grande parte da vida adulta: primeiro, quando tinha 18 anos, por criticar a ditadura militar que vigorava na então colónia portuguesa. Depois, aos 25 anos, quando começou a ocupação indonésia. Nas duas décadas que se seguiram, foi porta-voz internacional da causa timorense, chamando a atenção do mundo — e das Nações Unidas — para o que se estava a passar no seu país que, até então, não conhecera a liberdade.
Em 1996, foi laureado com o Prémio Nobel da Paz, com o bispo Carlos Filipe Ximenes Belo, “pelo trabalho em prol de uma solução justa e pacífica para o conflito em Timor-Leste”, como descreveu a academia sueca. Em 2006, Ramos-Horta tornou-se primeiro-ministro de Timor-Leste e, no ano seguinte, Presidente da República (2007-12), cargo que voltou a conquistar em 2022 e que mantém até 2027.
O passado fica no passado
Hoje, Ramos-Horta descreve as relações com Portugal e com a Indonésia como “exemplares” e “ótimas”, garantindo que o passado ficou no passado e que é possível ter “amizade e boa vizinhança” com nações que, em tempos, oprimiram Timor-Leste. A entrevista ao Expresso aconteceu na última quinta-feira, à margem da 9.ª edição das Conferências do Estoril, que se realizaram na faculdade Nova SBE, em Carcavelos, Lisboa.
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