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Lista de português foi a mais votada nas eleições para o Parlamento de Macau

Lista de português foi a mais votada nas eleições para o Parlamento de Macau
South China Morning Post

Nas últimas eleições, em 2021, a lista liderada pelo deputado português João Pereira Coutinho tinha sido a terceira mais votada. Este domingo, venceu o sufrágio para o Parlamento de Macau, com 26,7% dos votos

A lista encabeçada pelo deputado português José Pereira Coutinho foi a mais votada nas eleições por sufrágio direto para o parlamento de Macau, que decorreram este domingo, segundo dados oficiais.

De acordo com o portal da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), a lista Nova Esperança recebeu quase 43.400 votos (26,7%) e conseguiu três dos 14 lugares que estavam em disputa.

Nas últimas eleições, em 2021, a lista liderada por Coutinho tinha sido a terceira mais votada, com mais de 18.200 votos, 13,8% do total.

O resultado de hoje "apanhou muita gente de surpresa", disse Coutinho, incluindo o próprio deputado, que disse liderar "uma lista com poucos e escassos recursos, financeiros e humanos".

Apesar do apoio da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau, da qual Coutinho é presidente, o português defendeu que a Nova Esperança era "um barco com remos" face a "cinco porta-aviões".

Em segundo lugar, também com três deputados, com 18,2%, ficou a Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, ligada à comunidade com raízes em Fujian, no sudeste da China.

As restantes quatro listas, que conseguiram todas eleger dois deputados, tinham apoio das principais organizações civis do território - a Federação das Associações dos Operários de Macau, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau e a Associação das Mulheres - ou da comunidade de Jiangmen, na vizinha província de Guangdong.

"É um resultado histórico. Isto também traduz uma enorme responsabilidade", defendeu Coutinho, que prometeu continuar a "ajudar a resolver os problemas dos cidadãos e servir de ponte entre os cidadãos e o Governo".

Em julho, a Comissão da Defesa da Segurança do Estado excluiu todos os 12 candidatos de duas listas, considerando-os "não defensores da Lei Básica ou não fiéis à RAEM [Região Administrativa Especial de Macau]".

Uma delas foi a Poder da Sinergia, liderada pelo até agora deputado Ron Lam U Tou e - juntamente com José Pereira Coutinho - uma das poucas vozes críticas do executivo na Assembleia Legislativa (AL).

No entanto, Coutinho rejeitou que a sua vitória se tenha devido aos antigos apoiantes da lista de Ron Lam, que em 2021, tinha sido a sétima mais votada, com quase 8.800 votos: "Nós temos votos de todos os setores e todos os quadrantes".

O deputado negou ainda que o apoio à Nova Esperança represente um voto de protesto face às desqualificações, mas sim "um voto de confiança" e "o resultado do esforço e do trabalho do passado, longos anos".

Os residentes foram às urnas eleger, por sufrágio direto, 14 dos 33 deputados. Outros 12 são escolhidos por sufrágio indireto, através de associações, e sete serão nomeados pelo líder do Governo.

Apesar da taxa de participação ter disparado face à última eleição, em 2021, o número de votos nulos ou em branco mais do que duplicou, ultrapassando 13 mil.

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