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Como 760 estátuas de um antigo ditador chinês reabriram uma ferida nunca fechada em Taiwan

Como 760 estátuas de um antigo ditador chinês reabriram uma ferida nunca fechada em Taiwan
SAM YEH

Chiang Kai-shek foi um ditador militar chinês que governou Taiwan durante quase três décadas, sob lei marcial. O Partido Democrático Progressista, no poder, quer retirar centenas de estátuas suas ainda espalhadas pela ilha, apesar das críticas da oposição pró-Pequim. O debate ganha novo fôlego numa altura em que o bisneto ilegítimo de Chiang emerge na cena política

Como 760 estátuas de um antigo ditador chinês reabriram uma ferida nunca fechada em Taiwan

Mara Tribuna

Jornalista

Quase 50 anos depois da morte de Chiang Kai-shek, o Governo de Taiwan quer retirar um total de 760 estátuas do ditador militar chinês ainda espalhadas pela ilha. A decisão não está a ser bem recebida pelo partido Kuomintang (KMT), nacionalista e pró-Pequim. Ainda assim, o Partido Democrático Progressista (DPP, pró-independência), no poder desde 2016, está determinado em afastar o legado controverso de Chiang.

Após ter sido derrotado pelos comunistas na guerra civil chinesa, em 1949, Chiang fugiu para Taiwan, onde governou durante três décadas sob lei marcial. Estima-se que cerca de 140 mil pessoas tenham sido presas e outras quatro mil executadas por se oporem ao Kuomintang, até ao fim da lei marcial, em 1987. O legado do governante autoritário é ponto antigo de discórdia entre o KMT e o DPP: o primeiro acusa o segundo de querer apagar a História.

“Havia um culto muito forte em torno de Chiang Kai-shek. A remoção das estátuas é uma forma de reduzir esse culto”, enquadra Luís Mah, professor de Estudos de Desenvolvimento no ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa, em declarações ao Expresso. Taiwan tem mais de 300 estradas e quase 60 escolas com o nome de Chiang. Num inventário feito em 2000 estimou-se que havia mais de 40 mil estátuas do antigo ditador na ilha.

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