América Latina

Assembleia Nacional da Venezuela condena decisão do Parlamento Europeu de reconhecer Edmundo González

Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana
Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana
Jeampier Arguinzones/picture alliance via Getty Images

Projeto de acordo proposto pela deputada Blanca Eeckhout acusa o Parlamento Europeu de ter uma posição “vergonhosa” e de “intrometer-se, interferir e, mais uma vez, tentar transformar a Venezuela numa colónia”

A Assembleia Nacional (AN, Parlamento), onde o chavismo detém a maioria, condenou a decisão do Parlamento Europeu (PE) de reconhecer o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela.

Durante uma sessão ordinária, transmitida pela televisão estatal venezuelana, foi aprovado o "Acordo em repúdio pela intervenção grosseira nos assuntos internos da Venezuela de parte de alguns deputados fascistas do Parlamento Europeu".

O projeto de acordo foi proposto pela deputada Blanca Eeckhout que acusou o PE de ter uma posição "vergonhosa", de "intrometer-se, interferir e, mais uma vez, tentar transformar a Venezuela numa colónia". "O fascismo está a tentar não reconhecer a vontade soberana do povo venezuelano", alertou.

O acordo, além de condenar "a nefasta resolução promovida pela direita fascista no PE", apela a respeitar a decisão dos venezuelanos que elegeram soberanamente Nicolás Maduro como presidente reeleito do país.

Por outro lado, insta "os eurodeputados fascistas a abandonarem definitivamente a estratégia neocolonialista falhada de mudança de regime na República Bolivariana da Venezuela, a cessarem a sua agressão contínua e obsessiva e a concentrarem-se nas graves violações dos Direitos Humanos que ocorrem dentro das suas fronteiras".

Durante o debate o vice-presidente da NA, Pedro Infante, acusou a "internacional fascista" de influenciar o Parlamento Europeu e denunciou que está em curso um plano "dos parlamentares dominados pela ultradireita internacional para atacar a revolução bolivariana e o Governo de Nicolás Maduro".

"Eles condenam o Conselho Nacional Eleitoral não ter convidado a União Europeia como observadores internacionais. Tínhamos razão, eles são conspiradores e tinham um plano claro para levar a cabo uma fraude eleitoral. Mas nunca participarão em nenhum ato eleitoral na Venezuela", sublinhou ao mesmo tempo que acusou a União Europeia de estar envolvida em planos terroristas da oposição venezuelana.

Frisou ainda que a União Europeia carece de moral para exigir algo à Venezuela. "Vocês têm seis monarquias no vosso seio, não podem vir dar-nos lições de democracia", sublinhou.

O Parlamento Europeu (PE) reconheceu Edmundo González, principal opositor ao regime de Nicolas Maduro, como o Presidente legítimo do país, com o voto contra da esquerda representada no hemiciclo.

Durante a sessão plenária em Estrasburgo (França), os eurodeputados aprovaram uma resolução com 309 votos favoráveis, 201 contra e 12 abstenções, que reconheceu o líder da oposição, hoje exilado, como vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.

A resolução conjunta foi subscrita pelo Partido Popular Europeu (PPE), pelo grupo Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) - que tem como principal nome a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni - e os Patriotas pela Europa - liderados pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e a líder da Frente Popular (França). O Chega faz parte deste último grupo.

A Venezuela realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos. A oposição venezuelana contesta os dados oficiais e alega que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia - atualmente exilado em Espanha -, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate