América Latina

Justiça venezuelana ordena detenção do líder da oposição

Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana
Edmundo González Urrutia, líder da oposição venezuelana
Jeampier Arguinzones/picture alliance via Getty Images

Num discurso televisivo emitido na segunda-feira, Nicolás Maduro afirmou que o líder da oposição maioritária “pretende estar acima da lei”

Um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para o líder da oposição Edmundo González Urrutia, candidato presidencial do maior bloco anti-Chávez nas eleições de 28 de julho.

O mandado foi emitido menos de uma hora depois de o Ministério Público o ter solicitado.

O Ministério Público publicou a ordem na rede social Instagram, especificando que, uma vez efetuada a detenção, González Urrutia "deve ser imediatamente colocado à disposição" do Ministério Público, que, por sua vez, "deve apresentá-lo perante [o tribunal] no prazo de 48 horas após a detenção".

Isto para que se realize uma "audiência oral na presença das partes e se resolva o que for conveniente", uma vez que o ex-candidato é acusado pelo Estado venezuelano de ter alegadamente cometido os crimes de "usurpação de funções", "falsificação de documentos públicos", "instigação à desobediência das leis", "conspiração", "sabotagem de danos no sistema e associação [para cometer crimes]", de acordo com o documento.

O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para González Urrutia depois deste não ter comparecido a três convocatórias, nas quais devia prestar declarações no âmbito de uma investigação relacionada com alegações de fraude nas presidenciais.

A investigação está relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição - Plataforma Unitária Democrática (PUD) - afirma ter carregado "83,5% das atas eleitorais" recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto para reforçar a afirmação de que González Urrutia ganhou as eleições por uma ampla margem.

A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Maduro como vencedor das eleições.

A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.

Num discurso televisivo emitido na segunda-feira, o Presidente da Venezuela afirmou que o líder da oposição maioritária "pretende estar acima da lei".

"Tem o descaramento de dizer que não reconhece as leis, que não reconhece nada, isso é inadmissível", afirmou.

Embora não se tenha referido ao mandado de captura, Maduro reiterou que o opositor "está escondido", em referência à decisão de González Urrutia de permanecer "sob proteção", devido às repetidas ameaças de prisão após as eleições presidenciais de 28 de julho.

A Plataforma Unitária Democrática (PUD) condenou a ordem de prisão emitida contra o seu candidato às presidenciais de julho

O bloco expressou, na segunda-feira, "inequívoca condenação ao aprofundamento da perseguição política" a Edmundo González.

"Os venezuelanos e o mundo olham com indignação para um regime que não foi capaz de publicar, dentro do prazo legal, nem um único registo oficial que apoiasse o resultado fraudulento anunciado pelo CNE [Conselho Nacional Eleitoral], mas que é capaz de emitir um mandado de captura em minutos contra o vencedor das eleições presidenciais", afirmou a PUD nas redes sociais.

Isto "mostra que o regime pretende continuar a violar o exercício da soberania popular expresso a 28 de julho a favor da mudança política no país", continuou.

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