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Opinião

Se o povo não quer Maduro, Maduro tem de sair

É verdade que, no passado, a oposição apoiou a tentativa de golpe contra um Presidente acabado de ser eleito, quase nunca reconheceu as suas derrotas eleitorais (as reais) e até apelou a uma intervenção externa liderada pelos EUA. Mas o que está em causa é a vontade de mudança manifestada pelo povo soberano e um regime incapaz de distribuir mais do que miséria e repressão. O povo escolheu o que qualquer um escolheria perante a atual situação da Venezuela: derrubar a nova elite que tomou o lugar da anterior e que foi incapaz de mudar o sistema económico para sustentar as políticas sociais que a levaram ao poder

Apesar de vários observadores internacionais não terem sido aceites pelo regime de Caracas – incluindo os da União Europeia, como é natural, tendo em conta as sanções impostas –, estiveram muitos observadores internacionais nas eleições venezuelanas. Entre eles, da ONU e do Centro Carter, com credibilidade indiscutível. Este último já pediu a divulgação das atas eleitorais. Neste momento, é isso que está em causa: transparência. Mas o cancelamento do relatório do Centro Carter e a retirada do seu pessoal do país não augura nada de bom.

Como disse o presidente do Chile, Grabiel Boric (de esquerda), é difícil acreditar, para usar um eufemismo, nos resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo regime. Seria um fenómeno político que um presidente com os resultados económicos de Nicolas Maduro conseguisse uma maioria absoluta de votos. Ainda mais quando, em profunda crise económica, os eleitores foram em massa votar. Todo o comportamento do governo – dos bloqueios a candidaturas (até de esquerda) à opacidade do processo, que se resolveria com a divulgação de todas as atas das mesas eleitorais, passando pelo facto da CNE ter falado de "uma tendência contundente e irreversível” quando faltavam contar 20% dos votos e Maduro teria 51,2% – torna muitíssimo plausível a tese da fraude eleitoral.

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