África

Eleições em Moçambique: centenas de apoiantes da Frelimo marcham em Maputo contra manifestações violentas

Militares têm patrulhado as ruas que se enchem de manifestantes. No último mês já morreram mais de 60 pessoas em Moçambique, atingidas por balas das autoridades
Militares têm patrulhado as ruas que se enchem de manifestantes. No último mês já morreram mais de 60 pessoas em Moçambique, atingidas por balas das autoridades
LUISA NHANTUMBO/LUSA

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique

Centenas de apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), marcharam hoje no centro de Maputo, comemorando a vitória anunciada nas eleições gerais de 9 de outubro, repudiando as manifestações violentas pós-eleitorais do último mês.

"Desconstruir a narrativa que os jovens não votaram no partido Frelimo. Como podem ver a moldura humana, temos jovens nesta marcha, nós jovens votamos [na Frelimo]. Este país é de todos os moçambicanos", afirmou Laura Chavana, secretária na cidade de Maputo da Organização da Juventude Moçambicana (OJM) da Frelimo.

De acordo com a responsável, o objetivo desta marcha, a maior realizada pela Frelimo na capital desde o anúncio dos resultados das eleições gerais, foi de "saudar" o candidato apoiado pelo partido à Presidência da República, Daniel Chapo, que segundo a Comissão Nacional de Eleições venceu com 70,67% dos votos, e solidarizar com os "irmãos que tombaram nas manifestações" pós-eleitorais, de contestação, do último mês.

"É uma marcha pacífica, não estamos a violentar ninguém", disse ainda, em declarações aos jornalistas, durante o percurso, por várias artérias centrais da baixa de Maputo.

Laura Chavana destacou igualmente a "calma e serenidade" do candidato presidencial do partido neste processo eleitoral: "Não podemos agir com impulsos".

Garantiu ainda que a Frelimo, partido no poder desde 1975, "está viva, como sempre esteve".

Mais de 60 mortos em manifestações

Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica uma atualização da Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.

Segundo o levantamento divulgado hoje por aquela plataforma de monitorização eleitoral, houve ainda pelo menos 1326 detenções em Moçambique na sequência dos protestos de 21 outubro a 21 de novembro, mas neste caso ainda pendente de atualização por parte da Ordem dos Advogados de Moçambique, que tem prestado apoio jurídico nestes processos.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, convidou os candidatos presidenciais às eleições gerais de 9 de outubro para uma reunião em 26 de novembro para "discutir a situação do país no período pós-eleitoral".

A reunião terá lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, na terça-feira, às 16h (14h em Lisboa) e para a mesma foram convidados os candidatos Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade, estes três últimos que não reconhecem os resultados anunciados pela CNE.

Venâncio Mondlane e Lutero Simango confirmaram entretanto a disponibilidade para participar neste encontro, mas entre outras exigências querem uma agenda clara para a reunião.

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