África

Mulheres e raparigas estão a viver em situações similares à escravatura no Sudão

Mulheres sudanesas refugiam-se no Chade, para escapar ao conflito no Sudão
Mulheres sudanesas refugiam-se no Chade, para escapar ao conflito no Sudão
Abdulmonam Eassa/Getty Images

As primeiras alegações surgiram no início do conflito na zona de Cartum, a capital do Sudão, que tem permanecido em grande parte sob o controlo das Forças de Apoio Rápido

Mulheres e raparigas estão a ser raptadas, forçadas a casar e mantidas em "condições desumanas e degradantes semelhantes à escravatura" em áreas controladas pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) no Sudão, alertaram hoje as Nações Unidas.

Há indícios de que pelo menos 20 mulheres estão a ser sujeitas a estas violações, e algumas destas só serão libertadas em troca de um resgate, de acordo com um comunicado da porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Liz Throssell.

As primeiras alegações surgiram no início do conflito na zona de Cartum, a capital do Sudão, que tem permanecido em grande parte sob o controlo das Forças de Apoio Rápido, esclareceu a porta-voz das Nações Unidas (ONU) através do comunicado.

"Um dos relatos das testemunhas locais indicava que mulheres e raparigas tinham sido raptadas e detidas num local do distrito de Riyadh desde 24 de abril. Desde então, continuámos a receber relatos de raptos, com um número crescente de casos registados na região do Darfur (...) e na região do Cordofão", afirmou.

Estes "relatos chocantes", disse, surgem "no meio de um aumento persistente de casos de violência sexual no país" desde o início dos combates entre as forças armadas e o grupo paramilitar RSF, há seis meses.

De acordo com os documentos, pelo menos 105 pessoas foram alvo de violência sexual desde o início dos combates em abril de 2023.

Até 2 de novembro, havia relatos de mais de 50 incidentes de violência sexual relacionados com os combates, que afetaram pelo menos 100 pessoas, incluindo 86 mulheres, um homem e 18 crianças.

Pelo menos 70% dos incidentes confirmados de violência sexual registados foram atribuídos a homens em uniformes das RSF, oito a homens armados afiliados às RSF, dois a homens em uniformes não identificados e um às Forças Armadas Sudanesas. Os restantes casos foram atribuídos a homens não identificados, segundo a porta-voz da ONU.

A este respeito, Liz Throssell reiterou o apelo às partes para que "condenem estes atos vis e deem urgentemente instruções claras aos seus subordinados exigindo tolerância zero para a violência sexual".

"Devem também garantir que as mulheres e raparigas raptadas sejam libertadas sem demora e que recebam o apoio necessário, incluindo cuidados médicos e psicossociais, e que todos os casos alegados sejam completa e prontamente investigados para que os responsáveis sejam responsabilizados e levados à justiça", concluiu.

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