A central nuclear de Zaporíjia, ocupada pela Rússia, está sem fornecimento de energia externa há mais de três dias, uma falha que tem levantado sérias preocupações de segurança. Localizada na linha da frente da guerra na Ucrânia, a instalação alberga seis reatores nucleares.
Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), classificou a situação como “profundamente preocupante” na quarta-feira. Na quinta-feira, reuniu-se com o presidente russo, Vladimir Putin, mas o problema persiste.
Desde o início da guerra, a central já perdeu a ligação à rede elétrica nove vezes, lembra o jornal britânico “The Guardian”. Em todas essas ocasiões, os danos registaram-se em território controlado pela Ucrânia, após ataques russos à infraestrutura energética ao longo do rio Dnipro. A última linha de eletricidade cruzava o rio e era alimentada pela Ucrânia para garantir a segurança da central.
Na terça-feira, porém, a linha foi atingida do lado russo, a apenas 1,6 quilómetros da instalação. Operadores russos alegaram que as reparações estavam a ser dificultadas pelos bombardeamentos ucranianos, mas Kiev nega disparar sobre a central, considerando esse risco inaceitável. Para já, são os geradores de emergência que mantêm os sistemas de refrigeração e segurança em funcionamento.
“Acidente nuclear”
Segundo a AIEA, há reservas de diesel para 20 dias sem reabastecimento. Ainda assim, Rafael Grossi alertou que a ausência de energia externa “aumenta a probabilidade de um acidente nuclear”.
Especialistas e autoridades ucranianas receiam que Moscovo esteja a instrumentalizar a crise para consolidar o controlo sobre a maior central nuclear da Europa. “A Rússia está a usar a central como moeda de negociação”, acusou um responsável ucraniano. Já um perito da Greenpeace fala numa “nova fase crítica e potencialmente catastrófica” da ocupação russa.
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