Exclusivo

Internacional

“Yalta 2.0” é o nome de um quadro e também da doutrina de Putin: vamos voltar a viver num mundo dividido em esferas de influência?

Um quadro intitulado "yalta 2.0", numa exposição no Parque Livadia, na Crimeia, palco da primeira conferência de Ialta, em 1945
Um quadro intitulado "yalta 2.0", numa exposição no Parque Livadia, na Crimeia, palco da primeira conferência de Ialta, em 1945
Alexey Pavlishak

“Yalta 2.0” é o título de uma nova peça de arte instalada no palácio Livadia, na Crimeia, onde há 80 anos se realizou a Conferência de Ialta. No tríptico, o artista pintou Donald Trump, Xi Jinping e Vladimir Putin. Em 1945, outros três homens — Churchill, Roosevelt e Estaline — estiveram no mesmo espaço a traçar linhas sobre os países da Europa, sem consultar os europeus. Qualquer semelhança com 2025 é real e premeditada

“Yalta 2.0” é o nome de um quadro e também da doutrina de Putin: vamos voltar a viver num mundo dividido em esferas de influência?

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Antes de Emmanuel Macron e Friedrich Merz, houve Charles de Gaulle. Os primeiros dois, respetivamente atual Presidente de França e iminente chanceler alemão, aprenderam uma coisa, há muitos anos, com o general francês: os americanos têm a sua própria agenda e podem, ou não, vir defender a Europa em tempos de crise.

Tal era a convicção de De Gaulle quando recebeu John F. Kennedy, em 1961, na primeira viagem do Presidente dos Estados Unidos ao estrangeiro depois de ter sido eleito. “O senhor Presidente trocaria Nova Iorque por Paris?”, perguntou o francês, como quem diz: se os Estados Unidos não conseguem dizer claramente que proteger uma cidade europeia é tão importante quanto proteger uma cidade americana, como é que os russos vão acreditar nisso?

A 23 de fevereiro passado, Merz afirmou, após ganhar as legislativas, que a sua “prioridade absoluta” é fortalecer rapidamente a Europa para que possa “alcançar a independência dos Estados Unidos”. “Nunca pensei que teria de dizer uma coisa destas na televisão”, admitiu. “Mas, depois das declarações de Donald Trump na semana passada, é evidente que os americanos [...] são, em grande medida, indiferentes ao destino da Europa.”

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: afranca@impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate