Antes de Emmanuel Macron e Friedrich Merz, houve Charles de Gaulle. Os primeiros dois, respetivamente atual Presidente de França e iminente chanceler alemão, aprenderam uma coisa, há muitos anos, com o general francês: os americanos têm a sua própria agenda e podem, ou não, vir defender a Europa em tempos de crise.
Tal era a convicção de De Gaulle quando recebeu John F. Kennedy, em 1961, na primeira viagem do Presidente dos Estados Unidos ao estrangeiro depois de ter sido eleito. “O senhor Presidente trocaria Nova Iorque por Paris?”, perguntou o francês, como quem diz: se os Estados Unidos não conseguem dizer claramente que proteger uma cidade europeia é tão importante quanto proteger uma cidade americana, como é que os russos vão acreditar nisso?
A 23 de fevereiro passado, Merz afirmou, após ganhar as legislativas, que a sua “prioridade absoluta” é fortalecer rapidamente a Europa para que possa “alcançar a independência dos Estados Unidos”. “Nunca pensei que teria de dizer uma coisa destas na televisão”, admitiu. “Mas, depois das declarações de Donald Trump na semana passada, é evidente que os americanos [...] são, em grande medida, indiferentes ao destino da Europa.”
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