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Protestos pró-Palestina: jornalista pegou fogo ao seu braço esquerdo “pelas 10 mil crianças de Gaza que perderam um membro”

Protestos pró-Palestina: jornalista pegou fogo ao seu braço esquerdo “pelas 10 mil crianças de Gaza que perderam um membro”
Anadolu

Samuel Mena Jr, foi filmado a incendiar o braço esquerdo, a levantá-lo no ar e a gritar com dores, em frente à Casa Branca, em Washington DC, enquanto decorria uma manifestação contra o apoio dos EUA a Israel e contra a guerra na Faixa de Gaza. A autoimolação foi premeditada

A autoimolação é a forma de protesto individual mais radical que alguém pode cometer para chamar a atenção sobre determinada causa ou até sobre si próprio e foi isso que Samuel Mena Jr. resolveu fazer durante a manifestação contra a guerra de Israel em Gaza, ocorrida este sábado frente à Casa Branca, em Washington DC, nos EUA.

A ação de Mena Jr. que se apresentou como jornalista enquanto as chamas já se espalhavam pelo seu braço esquerdo - como mostra o vídeo da jornalista do Free Bacon Jessica Costescu -, não terá sido espontâneo.

O New York Post descobriu que, num longo texto publicado no seu blogue antes do incidente, Mena questionou a objetividade dos meios de comunicação social na cobertura da guerra em Gaza. E acrescentou: “Para as 10 mil crianças de Gaza que perderam um membro neste conflito, dou-vos o meu braço esquerdo”, escreveu. “Rezo para que a minha voz seja capaz de elevar a vossa e que os vossos sorrisos nunca desapareçam”.

Às 17h45, hora local, Samuel Mena Jr. pegou fogo a si próprio no quarteirão mesmo em frente à Casa Branca, foi filmado a incendiar o braço esquerdo, a levantá-lo no ar e a gritar com dores. Socorrido logo de seguida por outros manifestantes que passavam no local e pela a polícia, que com a ajuda de garrafas de água e de um keffiyeh - o lenço que representa a luta palestiniana - conseguiram abafar as chamas.

Mena Jr. afirmou bem alto: “Nós espalhámos a desinformação”. E pouco depois acrescentou: “Eu sou jornalista e disse que estava tudo bem”, enquanto uma mulher o abraçava. De acordo com o seu blogue e perfil no LinkedIn, o jornalista foi formado pela Escola de Jornalismo Walter Cronkite da Universidade Estadual do Arizona, tendo passado os últimos dois anos a trabalhar para a afiliada local da CBS, AZFamily.

No seu portfólio, Mena Jr. destaca o facto de ter colaborado em duas peças jornalísticas nomeadas para os Rocky Mountain Emmy's e diz que uma delas - Concert piece “Jason Vieaux performs Bach: Lute Suite Nº3 in E minor BWV 996: Courante" -, cuja edição do vídeo foi da sua responsabilidade, ganhou o prémio.

Horas antes de se imolar, Mena Jr. escreveu também na rede social X,, onde se intitula jornalista, músico, jogador, irmão, filho e mexicano: “Vou estar a transmitir em direto a partir do exterior da Casa Branca no Instagram daqui a 30 minutos. Os primeiros 30 minutos serão dedicados à resolução de problemas técnicos e, daqui a uma hora, farei um discurso.”

Estima-se que foram cerca de três mil as pessoas que se manifestaram em frente à Casa Branca, para exigir o fim da guerra na Faixa de Gaza e do apoio norte-americano a Israel, que afirmam tornar o país cúmplice de um genocídio.

A marcha em Washington foi uma das muitas que prosseguem um pouco por todo o mundo há um ano. E, a propósito do primeiro aniversário do ataque do Hamas contra Israel, a 7 de outubro são esperadas inúmeras manifestações cujo número de participantes tem engrossado por todos os continentes.



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