Internacional

Sunak sob pressão: conservadores britânicos pagaram quantia extra de mais de 115 milhões de euros por programa de asilo no Ruanda

Rishi Sunak
Rishi Sunak
WPA Pool

O pagamento foi feito em abril, depois de cerca de 163 milhões de euros já terem sido enviados para o país disponível para receber os migrantes

O Governo britânico foi acusado de ocultar as verbas dispensadas com a sua política de migrações, depois de um alto funcionário ter revelado, em carta, que terão sido pagas ao Ruanda mais de 100 milhões de libras (mais de 115 milhões de euros) para que o país recebesse os requerentes de asilo.

Os valores são agora divulgados pelo jornal “The Guardian”. Matthew Rycroft, do Ministério do Interior, denunciou que o pagamento foi feito em abril, e que 140 milhões de libras (cerca de 163 milhões de euros) já tinham, a essa data, sido enviadas. Para o próximo ano, o pagamento esperado é de 50 milhões de libras (58 milhões de euros).

Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico, tinha declarado, numa conferência de imprensa de emergência em Downing Street, na quinta-feira, que iria “terminar o trabalho” - o seu plano de deportação -, mesmo debaixo de críticas dos parlamentares.

Meg Hillier, presidente do Comitê de Contas Públicas, órgão que vinha pressionando para conhecer o custo total do programa, recebeu a carta, e reagiu, dizendo que “é tudo muito oculto nos bastidores”. Tendo questionado várias vezes acerca do “dinheiro associado ao plano”, nunca antes Meg Hillier tinha recebido resposta. Apenas os 140 milhões iniciais eram conhecidos. Na sua missiva, Matthew Rycroft, alto funcionário do Ministério do Interior, explica que o pagamento extraordinário de 100 milhões de libras ao Governo de Ruanda não estava vinculado ao tratado. Em vez disso, integrava um fundo de transformação e integração económica.

Sobre a falta de transparência, Meg Hillier apontou: “Estamos muito preocupados que a cada passo do caminho, à medida que uma alteração é proposta, não tenhamos informações detalhadas sobre o que está a acontecer. É injusto que se espere que os parlamentares votem sobre isto sem compreenderem completamente quais são os custos até agora."

Sunak publicou um projeto de lei de emergência para garantir ao Governo o poder de ignorar os julgamentos de Estrasburgo, evitando também o abandono da convenção europeia sobre direitos humanos. O projeto de lei levou à renúncia do ministro da Imigração, Robert Jenrick. O novo ministro das Migrações, Tom Pursglove, disse à “Sky News”, nesta sexta-feira, que o projeto de lei era um passo importante para implementar o programa. “A legislação elimina muitas queixas que as pessoas tinham quanto a terem sido enviadas anteriormente para o Ruanda. Acredito que resolverá o problema.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate