Mais de 20 mil palestinianos refugiados em escolas na Faixa de Gaza
Na sequência do aumento da violência, agência da ONU teve de encerrar de 22 centros de saúde na Faixa de Gaza e suspender a atividade dos 14 centros de distribuição alimentar que se gere "até novo aviso". PAM pede acesso urgente
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 20 mil palestinianos estejam refugiados nas suas 44 escolas na Faixa de Gaza, para se protegerem do contra-ataque das forças israelitas em resposta à investida do Hamas. Segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), "há pelo menos 20.363 pessoas deslocadas que procuraram refúgio" em todas as zonas da Faixa de Gaza, "exceto Khan Younis".
Das 44 escolas existentes, "28 são consideradas abrigos de emergência e 16 não são", precisa a organização, na sua página oficial. A UNRWA relata ainda que três das escolas já foram atingidas por ataques israelitas.
"A noite foi muito dura. Sem eletricidade e com fortes e constantes bombardeamentos", relata a agência, citada pela Europa Press, lançando "um apelo urgente a todas as partes para que respeitem as suas obrigações jurídicas no quadro do direito internacional humanitário".
O grupo islâmico Hamas desencadeou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou, a partir do ar, várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como "Espadas de Ferro". Os ataques e a resposta militar fizeram centenas de mortos e mais de mil feridos.
Na sequência desta nova escalada de violência num conflito que dura há dezenas de anos, a UNRWA teve de proceder ao encerramento de 22 centros de saúde na Faixa de Gaza e de suspender a atividade dos 14 centros de distribuição alimentar que se gere "até novo aviso".
"Um total de 112.759 famílias (541.640 pessoas) está por receber assistência alimentar", concretiza a agência, recordando que a situação humanitária em Gaza já estava no limite, em resultado da ocupação militar e do bloqueio de Israel ao território.
HAITHAM IMAD
Programa Alimentar da ONU pede acesso humanitário às zonas de guerra
Face a esta situação, o Programa Alimentar Mundial (PAM) apelou este domingo a um "acesso humanitário seguro e desimpedido às zonas afetadas" pelo conflito que eclodiu sábado após um ataque surpresa do grupo islâmico Hamas e Israel, noticiou a agência EFE. Esta agência das Nações Unidas (ONU) apelou assim "a todas as partes para que respeitem os princípios do direito humanitário e tomem todas as medidas necessárias para salvaguardar a vida e o bem-estar dos civis, incluindo o acesso a alimentos".
O governo israelita anunciou que nos primeiros dois dias de combates com o grupo palestiniano foram mortas mais de 600 pessoas, mais de 2.000 ficaram feridas e mais de 100 foram feitas prisioneiras no ataque lançado a partir da Faixa de Gaza, enquanto subiu para 370 o número de mortos em Gaza.
O PAM "está profundamente preocupado com a rápida deterioração da situação em Israel e no Estado da Palestina e com o impacto deste conflito nas populações afetadas", declarou a organização, em comunicado.
"À medida que o conflito se intensifica, os civis, incluindo as crianças e as famílias vulneráveis, enfrentam dificuldades crescentes no acesso ao abastecimento alimentar essencial, com as redes de distribuição de alimentos interrompidas e a produção de alimentos gravemente prejudicada pelas hostilidades", alertou ainda o PAM.
O PAM garantiu que está preparado para "responder rapidamente com reservas alimentares para as pessoas deslocadas ou em abrigos, quando a situação o permitir, e para retomar a sua assistência alimentar regular e as transferências de dinheiro para as pessoas vulneráveis".
Embora saliente que a maioria das lojas nas zonas afetadas da Palestina "tem atualmente um mês de reservas alimentares, estas correm o risco de se esgotar rapidamente, uma vez que as pessoas fazem compras de alimentos com medo de um conflito prolongado". Por outro lado, o PAM assinala que "os frequentes cortes de eletricidade acarretam a ameaça de deterioração dos alimentos".
A organização diz que tem acompanhado de perto a disponibilidade e os preços dos alimentos e outros produtos numa rede de 300 lojas locais e que está a trabalhar em estreita colaboração com as padarias da região para fornecer pão fresco e apoiar a economia da zona.
O PAM, que serve cerca de 350 mil palestinianos por mês e assiste quase um milhão juntamente com outros parceiros humanitários, sublinha que a presente guerra se seguiu a "um corte devastador na assistência a 60% dos beneficiários da ajuda alimentar do PAM desde junho de 2023, devido à escassez de financiamento, que deixou apenas 150 mil pessoas a receber rações reduzidas".