As forças israelitas combatem, por esta altura, os militantes paramilitares do Hamas, no território sul de Israel. Lançaram ataques que destruíram vários edifícios em Gaza, em resposta à incursão surpresa e sem precedentes liderada pelo grupo palestiniano no sábado.
O Hamas começou a disparar milhares de foguetes na manhã de sábado, atingindo alvos tão distantes como Telavive e os arredores de Jerusalém, que raramente são atingidos diretamente por causa do sofisticado sistema de defesa aérea (Iron Dome) de Israel. Cerca de uma hora após os primeiros ataques com foguetes, militantes do Hamas entraram em Israel por terra, mar e ar, segundo os militares israelitas, e geraram-se algumas das primeiras batalhas campais entre forças israelitas e árabes em solo israelita em décadas. Os militantes infiltraram-se em 22 cidades e bases militares israelitas e fizeram reféns civis e soldados, muitos dos quais trouxeram de volta para Gaza.
São os combates com mais mortíferos em décadas naquela região. Pelo menos 600 israelitas já morreram, incluindo 44 soldados, e há mais de dois mil feridos, de acordo com a comunicação social israelita. Pelo menos 340 palestinianos também morreram, incluindo 20 crianças. Mais de duas mil pessoas ficaram feridas, na sequência dos ataques aéreos em Gaza desde sábado, segundo as autoridades palestinianas. Sete pessoas morreram, além disso, vítimas do fogo do Exército israelita na Cisjordânia.
Muhammad Deif, líder militar do Hamas, disse, numa mensagem gravada, que o grupo decidiu lançar uma “operação” para que “o inimigo compreenda que o tempo da sua violência sem responsabilização chegou ao fim”. Naquela missiva, foi ainda mencionada a ocupação da Cisjordânia por Israel,os recentes “ataques” de autoridades israelitas na Mesquita de Aqsa, em Jerusalém, e a detenção de milhares de palestinianos em prisões de Israel. A Mesquita de Aqsa, reverenciada pelos muçulmanos como o Nobre Santuário e pelos judeus como o Monte do Templo, está entre os locais mais contestados na Terra Santa.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que o país estava em guerra e que iria impor um preço elevado aos inimigos. Netanyahu alertou os israelitas para se preparem para uma guerra “longa e difícil”, um dia depois de o Hamas, o grupo militante palestiano que controla a Faixa de Gaza, ter lançado os mais intensos ataques surpresas em algumas décadas. Os líderes do Hamas responderam, dizendo estarem preparados para uma nova escalada.
Israel iniciou, praticamente de imediato, enormes ataques contra cidades na Faixa de Gaza, destruindo dezenas de edifícios, enquanto o Hamas continuava a disparar foguetes contra Israel. Caças israelitas lançaram ataques aéreos em Gaza, nos quais terão sido destruídos centros que abrigam militantes do Hamas, de acordo com Israel. Autoridades palestinianas disseram, por seu lado, que um hospital foi atingido, assim como edifícios de vários andares, casas e uma mesquita.
Gaza tem estado sob bloqueio israelita e controlo apertado, apoiado pelo Egipto, desde que o Hamas assumiu o controlo da faixa costeira, em 2007. Foi restringida, para a região, a importação de bens, incluindo equipamento electrónico e informático, que poderia ser usado para produzir armamento. A maioria das pessoas não é autorizada a abandonar aquela faixa de terra.
O ataque do Hamas surge após décadas de tensões acumuladas entre palestinianos e israelitas, mas marcou pela sua dimensão e complexidade. Um dos aspetos mais surpreendentes das investidas paramilitares de sábado foi o desconhecimento total, por parte das secretas de Israel, de que um ataque estaria a ser preparado.
Os militares israelitas já deram conta da morte de “centenas de terroristas” este domingo. Segundo as Forças de Defesa de Israel, um número “substancial” de civis e soldados foi levado para Gaza e está a ser mantido como refém.
No norte de Israel, uma breve troca de ataques entre Israel e o grupo militante do Líbano Hezbollah começa a adensar os receios de que se venha a desenhar um conflito mais amplo. No vizinho Egito, um agente da polícia matou a tiros dois turistas israelitas e um egípcio num local turístico, em Alexandria.
O Conselho de Segurança da ONU deverá reunir-se neste domingo, depois de o secretário-geral, António Guterres, ter apelado a “todos os esforços diplomáticos para evitar uma conflagração mais vasta”.