A reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada este domingo em Nova Iorque, terminou sem uma declaração final, que é acordada por consenso. O encontro foi convocado de emergência para discutir a crise entre Israel e Gaza, motivada pelos recentes ataques do Hamas contra o território israelita.
Em declarações aos jornalistas, após a reunião de cerca de 90 minutos, Robert Wood, embaixador-adjunto dos EUA na ONU, afirmou que alcançar um consenso não era uma prioridade para Washington neste momento. "O que é importante agora é que a comunidade internacional mostre a sua solidariedade para com Israel. Apoiamos totalmente Israel", disse o responsável, citado pela Reuters. “A condenação do Hamas tem de continuar até que a violência do grupo contra o povo israelita termine."
Tor Wennesland, enviado da ONU para o Médio Oriente, terá informado os membros do Conselho sobre a situação no terreno e sobre os esforços humanitários das Nações Unidas em Gaza. Segundo a BBC, que cita uma fonte que esteve presente na reunião, Wennesland também terá apelado aos países para realizarem esforços diplomáticos no sentido de “restabelecer a calma” na região. Outra fonte adiantou ao canal britânico que os vários membros reconheceram que se trata de um “momento decisivo”.
Proteção dos civis é uma prioridade
Segundo Lana Nusseibeh, embaixadora dos Emirados Árabes Unidos na ONU, foram discutida a possibilidade de ser aplicado o direito internacional humanitário para a proteção dos civis. A proporcionalidade da resposta de Israel aos recentes ataques do Hamas também foi tema de discussão, "mas, neste momento, Israel está claramente concentrado nas suas próprias necessidades de segurança" e na libertação incondicional dos reféns israelitas que permanecem na Faixa de Gaza. Ainda assim, a proteção dos civis é uma prioridade.
Mesmo num contexto de violência, ataques e agressões como o que se vive - ou precisamente por causa disso - o Governo israelita continua interessado em reforçar os laços com a Arábia Saudita. "Não vemos nenhuma razão para que isso esteja fora de questão", disse Erdan, também citado pela Reuters. "Continuamos a querer que isso aconteça. Faremos tudo o que pudermos para viver em coexistência com todos os nossos vizinhos".
Antes da entrada para a reunião deste domingo, o representante israelita comparou as agressões do Hamas a Israel aos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA. “Isto é o 11 de Setembro em Israel”, disse aos jornalistas. Exigiu igualmente que o Conselho de Segurança da ONU condenasse "inequivocamente" o Hamas.
Também em declarações aos jornalistas antes da reunião, o embaixador palestiniano nas Nações Unidas, Riyad Mansour, mostrou-se preocupado com as mensagens que têm sido transmitidas por líderes e dirigentes de vários países sobre o "direito" de Israel de se defender dos ataques do Hamas. "Com base nessas declarações, o Governo israelita pode considerar que dispõe neste momento de uma licença para matar."
Riyad Mansour falou sobre as causas do conflito e defendeu que estas devem ser abordadas para garantir a paz na região. Também disse, segundo a BBC, que o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza não destruiu as capacidades militares do Hamas, apenas causou um "sofrimento terrível" à população que ali vive.
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