Na votação para substituir uma deputada destituída do Partido Nacional Escocês, trabalhistas tiveram o dobro dos votos deste último. Conservadores do primeiro-ministro Rishi Sunak também tiveram resultado muito fraco
Com quase 18 mil votos num total de 30 mil, o trabalhista Michael Shanks venceu esta quinta-feira a eleição intercalar para a Câmara dos Comuns do Reino Unido no círculo escocês de Rutherglen e Hamilton Ocidental. A anterior deputada, Margaret Ferrier (do Partido Nacional Escocês, SNP, independentista), fora demitida por petição popular após violar as regras sanitárias do tempo da pandemia.
“Não há nenhuma parte deste país onde os trabalhistas não possam vencer”, declarou Shanks após conhecer o resultado de 58,6%, contra 27,6% da nacionalista Katy Loudon. O maior partido da oposição britânica já pensa nas legislativas do próximo ano e sonha ainda derrotar o SNP nas eleições escocesas de 2026.
“Só quero dizer que creio ser este um momento sísmico. Acho que é um ponto significativo na história política da Escócia. E penso que vai ter reflexos enormes a caminho das próximas legislativas”, afirmou o chefe dos trabalhistas na Escócia, Anas Sarwar.
O líder nacional do Partido Trabalhista, Keir Starmer, planeia visitar a circunscrição em causa esta sexta-feira. É a primeira vez que o partido arrebata um lugar em Westminster aos nacionalistas escoceses numa eleição intercalar.
O líder do SNP e chefe do governo escocês, Humza Yousaf, reconheceu na rede social X (antigo Twitter) ter vivido uma “noite dececionante”. Justifica a derrota com voto útil de eleitores conservadores nos trabalhistas.
O SNP governa a Escócia desde 2007. Humza Yousaf, o atual chefe do governo regional, é o terceiro militante do partido nesse cargo desde então, após Alex Salmond (2007-14) e Nicola Sturgeon (2014-22).
Salmond saiu depois de o independentismo ter sido derrotado no referendo de 2014, por 55-45%. Sucedeu-lhe Sturgeon, tendo desavenças entre ambos levado o primeiro a sair do SNP e a fundar o Partido Alba (Escócia em idioma gaélico escocês), também independentista.
Sturgeon deixou a chefia do executivo escocês em março passado, alegando razões pessoais. Seguiu-se a sua detenção (e a do marido, Peter Murrell, então responsável pelas finanças do partido) e investigação por delitos financeiros. Sturgeon nega qualquer irregularidade e o casal está em liberdade.
Outro derrotado da noite foi o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, cujo Partido Conservador não foi além dos 3,9% com o candidato Thomas Kerr. Este último referiu-se à confiança dos trabalhistas para o futuro: “Eles disseram-nos que vão recuperar nas legislativas. Acho que é realista e que vai acontecer”.
Concorreram outros 11 candidatos, todos com resultados residuais. A abstenção foi de 62,8%.
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