Os votos estão ainda a ser contados, mas as sondagens a boca das urnas na Eslováquia apontavam para uma curtíssima vitória dos progressistas de esquerda. A vantagem de apenas um ponto sobre o candidato pró-Moscovo forçam o país a uma longa noite de contagem voto a voto, para perceber quem tenta formar governo.
A sondagem, em qualquer caso, aponta para um parlamento dividido. Milan Nič, investigador do Conselho Alemão de Relações Exteriores e especialista na Eslováquia, disse ao The Guardian que uma coisa crucial a observar é se o nacionalista Partido Nacional Eslovaco (SNS) ultrapassará o limite de 5% para entrar no parlamento. “Os seus mandatos, que podem chegar a 10, mudariam a aritmética parlamentar em favor de uma coligação liderada por Fico”.
Os eslovacos votaram hoje para eleger um Parlamento que poderia alterar de forma radical a relação do país com a Ucrânia, pondo em causa o seu apoio aquele país e criando, desse modo, fricções entre os países que pertencem ao bloco da NATO e da União Europeia.
Quem liderou as sondagens de intenção de voto foi Robert Fico, ex-primeiro-ministro, que interrompeu o seu terceiro mandato em 2018 com a sua demissão após uma vaga de protestos que se seguiu ao assassínio do jornalista Ján Kuciak, que investigava casos de fraude fiscal de empresários com ligações a politicos. Fico não escondeu as suas afinidades com Moscovo durante a campanha. Aliás, aproveitou-a para criticar o Ocidente por apoiar a Ucrânia e adotou um discurso anti-americano, chegando a acusar a Presidente do seu país, Zuzana Caputová, de ser “agente americana”.
A sua promessa em caso de vitória foi parar o envio de armas para a Ucrânia e impedir as ambições de adesão de Kiev à NATO.
O partido populista de esquerda liderado por Fico, o SMER (Direção), manteve-se adiante nas sondagens ao longo de meses ainda que as sondagens lhe dessem mais recentemente uma redução da vantagem até estar praticamente taco a taco com o Eslováquia Progressista, EP.
O EP, liderado por pelo presidente do Parlamento eslovaco Michal Simecka, defende um futuro contrário para a Eslováquia, um que pretende aprofundar os laços com Kiev e com o Ocidente.
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